Oi genteeeeeeeeeee! Hoje o Vitrine é especial, a nossa caravana na feirinha. Vai ser lindo. Aí me deixei levar pelas lembranças e puxei do arquivo uma reportagem feita há pelo menos sete anos durante a faculdade junto com as minhas amigas. Decidi dividi com vocês... Si, Fer... Nós fizemos um lindo trabalho, #bora compartilhar!
Simone na barraca do pastel
O dia é domingo, o dia é de feira! Barracas e trailers montados, clima bucólico provocado pela chuva fina e a moldura se repete no dia mais “preguiçoso” da semana.
Na Barraca da Zê é tudo organizado, guarda-pó, pia, bandejas, tudo branquinho, à mão, prático, para que haja agilidade no atendimento e o cliente fique satisfeito. E como eles ficam satisfeitos.
São sete anos de serviço, vividos entre dias de chuva e sol, dificuldades e bonanças. Mas que hoje refletem em experiência e satisfação no rosto da proprietária da barraca de pastel mais frequentado da feirinha municipal.
Nem o tempo chuvoso espantou totalmente a clientela, ao menos os que frequentam assiduamente todos os domingos. O tão conhecido mau humor matinal não estava presente, a clientela tinha era o desejo de nesta manhã de nuvens e chuvinha saborear um, dois ou até mesmo três pastéis quentinhos.
De repente dois, três, cinco pessoas fazendo os seus pedidos. E entre tantos sabores, vejo os olhares indecisos dos clientes. Vontade de decidir por eles. Ansiedade. Quantos guardanapos se pode entregar? Gostam de catchup ou maionese? Tá muito quente o pastel? Será que a dona da barraca está gostando que eu converse um pouco com a cliente ou vai pensar que estou matando tempo?
“O cliente tem sempre razão” – essa pode ser um ótimo princípio para quem está do lado de fora do balcão. Mas quando se está desse outro lado, o medo de cometer um deslize é real. Devolver um troco errado, um objeto estranho no alimento, um pedido errado, sim, isso pode acontecer. Mas não aconteceu.
Quem quer pastel e café com leite, quer também um “bom dia”, um sorriso estampado no rosto, um bate-papo descontraído enquanto saboreia o queijo derretido no meio da massa crocante. Que o diga dona Delsa, a catarinense de 65 anos, ex-bancária e hoje corretora de imóveis diz não perder um só dia de feira. “Venho durante a semana e todos os domingo faço meu café da manhã aqui”.
Jéssica e o desafio das tapiocas
Simone, Jéssica e Maria Fernanda. Três estudantes de jornalismo e um desafio: ser garçonete por um dia. Sentir na pele as dificuldades de lidar com a qualidade do alimento e o atendimento ao cliente. Para essa tarefa um ambiente comum nas manhãs de domingo entre os cascavelenses, a feirinha do produtor.
O trabalho de uma garçonete parece simples para quem está sentado à mesa fazendo o pedido. Mas para quem está aqui, atrás da barraquinha de tapioca, a coisa é bem diferente. Ainda bem que a chuva assustou os clientes e deu tempo até de aprender a fazer uma tapioca.
É bem simples: duas colheres de farinha com polvilho na panela quente, coloca o recheio, fecha como um pastel, coloca no saquinho. Depois leva na mesa de quem fez o pedido pega o dinheiro, vai na barraquinha pega o troco, retorna a área das mesas e entrega as moedinhas que sobraram.
A logística também é de fácil compreensão, apesar do acesso ser bem limitado. Em frente à barraca, ficam as mesas a céu aberto, e dentro dos 4m² da barraquinha fica toda a produção das “tapioqueiras”.
Contando assim para bastante simples, até mesmo fácil. Fácil? Em uma manhã de produção, pés inchados e muita dor de cabeça. O esforço de uma garçonete não é fisicamente pesado, mas exige raciocínio rápido e muita simpatia. Aquela velha história de que essas profissionais são os ouvidos dos que passam por ali, é bem verdade. Nas horas que fiquei na barraca da Dona Lílian e da Dona Nívea escutei pai reclamando filho, filho falando da mãe, marido contando sobre a briga com a esposa, e, principalmente, homens e mulheres questionando o tempo: será que essa chuva vai continuar por muitos dias? A resposta sempre acompanhada de um sorriso, e claro, da típica frase: mais alguma coisa?
As conversas cordiais e os atendimentos ficam divididos entre os dois ambientes que a cada minuto tem o cenário alternado pela passagem de algum cliente, pelo próprio corre-corre das proprietárias. Enquanto as famílias e os “casaizinhos” aproveitam as deliciosas tapiocas, eu atrás do balcão limpava as vasilhas de farinha, as colheres que ficam dentro dos recheios, as panelinhas em que a tapioca fica para endurecer.
Daqui consigo ver também as minhas colegas, a da pamonha e a do pastel. No começo meio perdidas como eu. O medo do trio era um só, derrubar tudo pelo chão, já que temos uma característica em comum, ser desastrada. Depois de habituadas ao ambiente, as tarefas começaram a ficar divertidas, quando vimos o tempo já tinha passado rapidinho, e o que sobrou foi mesmo uma grande experiência.
No fim das contas, o que dá para se ter certeza é de que com muito jogo de cintura as garçonetes mantém a clientela cuidando do atendimento e da qualidade do produto servido. A rotina de quem acorda às 6h30 da manhã para ajudar a organizar tudo o que deve estar pronto quando o primeiro cliente chegar é cansativa e ao mesmo tempo muito gratificante. A cada pedido atendido corretamente, o sentimento é de dever cumprido. E, essa sensação de garçonete só mesmo quem viveu para saber como é!
Fernanda e a paixão por pamonhas
Domingo 7hs da manhã, tempo ruim com garoa, antes mesmo de o celular despertar já estava acordada, preocupada, ansiosa, chegou o dia da nossa reportagem de vivência! Escolhemos a feirinha, o desafio é atendermos nas barracas. Marcamos local e hora para nos encontrarmos, 8hs na Farmácia em frente a feirinha. A ansiedade era grande, preocupadas se iríamos atrapalhar os feirantes ou não, Jéssica e eu chegamos quase juntas, mais uns minutos e chega a Simone. Inquietas, já saímos procurando as barracas, Si ficou no pastel, Jé na tapioca e eu na pamonha.
Fui muito bem recebida pela Laís, que com entusiasmo me contou que havia chegado as 06h45, tem apenas 15 anos, ajuda na confecção das pamonhas e nas vendas, não tínhamos terminado o assunto e já chega um cliente - “bom dia, me vê uma pamonha doce, pra levar”, fiquei atenta a cada gesto de Laís, eu não poderia decepcionar seus clientes.
Dessa vez uma senhora chegou à barraca, Laís muito educada falou baixo: “é com você”. Os idosos em geral são muito simpáticos: “bom dia minha filha, eu quero uma pamonha doce”. E eu já respondo: “pra levar ou comer aqui?” A cliente responde, “pra levar”. Peguei a pequena sacola plástica que deu um pouco de trabalho para abrir devido à umidade, entreguei para a senhora. “Quanto é moça?” Respondi R$ 2,50. Estava tão preocupada em atender bem e não derrubar nada, que se ela não perguntasse o preço talvez tivesse esquecido de cobrar. Terminei de atender e não me contive como fui Laís? Ela respondeu que estava tudo certo. Alívio.
A minha barraca era no corredor central, na frente tinham produtos orientais, do outro lado eu conseguia ver muito bem minhas colegas Simone e Jéssica. Si estava um pouco preocupada ainda, conversando com as moças. A Jé não perdeu tempo, estava saboreando uma tapioca.
Era cedo, tinham muitos idosos na feira, fazendo as compras para semana, alguns levavam os quitutes para tomar o café em casa, outros comiam por ali. O movimento estava bom, havia atendido meu primeiro cliente, estava mais tranquila.
O tempo foi passando, não é fácil ficar o tempo todo em pé, vento gelado, com chuva fina, mais ou menos 15⁰. Com o olhar procuro minhas colegas, Simone estava junto às atendentes conversando com clientes. Para minha surpresa a Jéssica estava fazendo tapioca, toda jeitosa, curioso é que não tinha cliente na barraquinha, a tapioca era para ela, Simone e eu experimentamos e aprovamos!
Sem dispersar muito voltei à atenção para minha função. O legal de estar na barraca da PAMONHA é que as pessoas que chegavam ali já sabiam o que queriam, a maioria prefere o quitute doce, de 22 pamonhas vendidas durante o tempo que estive ali, apenas uma era salgada.