Antes de falar do jogo de volta das semifinais do Campeonato Paranaense da Chave Ouro, que definiu o segundo finalista do torneio, é preciso recordar o início da temporada de 2017 do Cascavel Futsal. O ano começou sob desconfiança, com o time fora da Liga Nacional e com um elenco mais barato, cujo foco seria apenas o Campeonato Paranaense da Chave Ouro. O time se colocou na condição de ‘zebra’, já que enfrentaria times de poderio bem maior.
A campanha do Cascavel Futsal surpreendeu muita gente. O time do técnico Nei Victor conseguiu vitórias gigantescas sobre equipes de maior investimento. Acreditou que poderia ser campeão e cativou a torcida. Fez o ginásio da Neva fervilhar novamente, como ocorreu no dia 18 de novembro de 2017. Esse dia deve, sim, ficar marcado na história do Cascavel Futsal. Por um determinado período, a lembrança amarga da eliminação nas semifinais do Estadual vai permanecer. Afinal de contas, o modesto elenco que devolveu o protagonismo no futsal paranaense para a Serpente Tricolor queria algo maior, um título estadual que era pouco provável no início do ano.
É por isso que essa data deve ser marcada na história do Cascavel Futsal. Tal qual um ‘Leônidas’, Nei Victor colocou seus bravos guerreiros espartanos tricolores em quadra contra o ‘exército persa’ do sudoeste, liderado por Baiano, que não tem a arrogância do ‘deus-rei’ Xerxes. Porém, os resultados conquistados por ele no futsal paranaense lhe tornam um ‘deus’ das quadras. Baiano mostrou humildade ao reconhecer o bom trabalho exercido por Nei Victor ao longo do ano. Mas o fato é que o Marreco, com um elenco de repertório vasto, mais parecia o exército persa de 300 mil soldados, que pretendia se apossar das Termópilas da Neva e ampliar seu território no Campeonato Paranaense da Chave Ouro.
Contra esse gigantesco poder de fogo, Nei Victor reuniu seus 300 (que na verdade não passaram dez, já que o treinador tinha apenas treze relacionados para a partida).
Derrotar o exército de Baiano era pouco provável para os espartanos cascavelenses. Mas como os 300 de Leônidas, eles não se acovardaram. A única forma de tentar superar a força do Marreco era uma doação plena em quadra. Não faltou entrega na partida. Os jogadores incorporaram o espírito dos 300. Amedrontaram o Marreco quando ficaram duas vezes na frente no placar com gols de Batata e Ernandes. Só que reduzido exército de Leônidas Victor começou a sofrer baixas. Uma delas foi Rafael, que deixou o jogo com uma lesão no tornozelo justamente em virtude do excesso de vontade.
No entanto, o exército de Xerxes, digo Baiano, suprimiu os espartanos nas Termópilas da Neva. O poderio de fogo dos persas de Francisco Beltrão é vasto. Além do ‘deus-rei’ no comando, tem um Rei em quadra. Seu primeiro nome é Pedro e ele marcou dois gols. A chuva de flechas disparada sobre os espartanos, retratada no filme 300, também faz parte deste repertório do Marreco. O time tem Sinoê, que deixou o dele e chegou aos 17 na Chave Ouro. Aliás, o pivô que voltou para a Seleção Brasileira neste ano não usou o arco e flecha, sua habitual comemoração após um gol, e preferiu cair nas graças da galera.
Os golpes de misericórdia na Batalha das Termópilas da Neva vieram com o gol contra de Ernandes e com a belíssima conclusão de Suelton. Os lances decretaram a vitória por 5 a 2 e a eliminação do Cascavel Futsal. Agora, o exército dos persas de Francisco Beltrão, do Xerxes Baiano, tentam conquistar o império vizinho de Pato Branco. O poderio bélico do Marreco será usado novamente nos dois jogos da decisão da Chave Ouro contra o Pato Futsal, programados para os dias 02 e 09 de dezembro.
Já o grito dos guerreiros do Cascavel Futsal, apesar da eliminação do clube, ainda ecoa para o futuro. A campanha no estadual de 2017 fortalece o Cascavel Futsal para a próxima temporadas. E a figura do rei Nei Victor ainda prevalece, assim como o desejo de conquistar a sexta estrela. A Serpente Tricolor foi abatida na Batalha da Termópilas da Neva. Mas continua entre os grandes exércitos do Paraná.