No esporte, transferir o favoritismo para os concorrentes é ter humildade e não é pensar pequeno. Já vimos casos em que ninguém apostava em determinadas equipes e o time surpreendeu. Um exemplo é o Corinthians, líder absoluto do Brasileirão. No início do campeonato, ninguém apostava no time de Fábio Carille. A desconfiança era tanta que, no Paulistão, o Corinthians era tratado como a quarta força do Estado de São Paulo. Sob o comando de Carille, levantou a taça estadual e caminha para mais um título brasileiro. Também presenciamos casos em que a equipe se colocou na condição de favorito e a decepção foi gigantesca. Um exemplo foi a Seleção Brasileira de Carlos Alberto Parreira, na Copa de 2006. O treinador teve a soberba de se colocar como principal favorito e deu no que deu. Outro exemplo ocorreu no Mundial de Clubes de 2010. O Internacional já falava na decisão do torneio contra a Inter de Milão e não passou pelo modesto Mazembe...
Não sei se foi uma estratégia e foi por convicção mesmo, mas desde que começou o Campeonato Paranaense da Chave Ouro deste ano, o técnico Nei Victor se colocou na condição de zebra. Em cada entrevista, ele fez questão de colocar o Cascavel Futsal como a quinta, até a sexta força do Estado do Paraná. Nesse ponto, Nei Victor sempre teve razão. Os times paranaenses que ingressaram na disputa da Liga Nacional deixaram seus elencos mais robustos. Em contrapartida, quando o Cascavel Futsal apresentou seus jogadores para a temporada de 2017, uma certa desconfiança pairou no ar. Nei Victor manteve a base do grupo que não vinha de bons resultados anteriores. E as novidades eram pouco conhecidas do torcedor.
Nei Victor subiu um degrau no seu discurso. Ele agora colocou o Cascavel Futsal como a ‘quarta força’ do Estado. Isso porque, a sua equipe está entre os quatro melhores times do Campeonato Paranaense da Chave Ouro. Na última quarta (18), a Serpente Tricolor goleou o Campo Mourão por 7 a 2 no ginásio da Neva, no jogo de volta das quartas de final. Com isso, o time garantiu a presença nas semifinais do torneio depois de ficar dois anos longe das ‘cabeças’ do Estadual. A situação, aliás, incomodava os jogadores mais antigos do Cascavel Futsal. “Ficamos dois anos longe das semifinais e isso parecia uma eternidade para o Cascavel Futsal”, sintetizou o experiente Issamu. Também pudera. Em toda a história da Chave Ouro, a Serpente Tricolor chegou entre os quatro primeiros em treze oportunidades, contando com a classificação mais recente na atual edição do torneio.
O time é o segundo semifinalista e faz companhia ao atual campeão Marechal que já está garantido nesta fase do torneio. Os comandados de Nei Victor agora aguardam o vencedor do confronto entre Foz Cataratas e Marreco. E tudo indica que será mesmo o time de Francisco Beltrão, que venceu o jogo de ida, também na quarta-feira, fora de casa, por 6 a 2. E agora, o Marreco precisa apenas de um empate no jogo de volta programado para este sábado (21), no ginásio Arrudão. É imensa a possibilidade da Chave Ouro repetir o duelo das semifinais de 2014, quando a Serpente Tricolor superou este mesmo Marreco em um jogo dramático na Neva.
Nei Victor é coerente em mais uma situação. Apesar de transferir o favoritismo para os adversários, um time que deseja ser campeão não deve escolher este ou aquele oponente.
Quase lá
Nesta sexta-feira (20), será conhecido o terceiro semifinalista. Pato Futsal e Guarapuava se enfrentam às 20 horas, no ginásio Dolivar Lavarda, em Pato Branco. O Pato joga pelo empate já que venceu o jogo de ida por 1 a 0 em Guarapuava. Deste confronto vai sair o adversário do atual campeão Marechal, que foi o primeiro classificado para as semifinais.