Confira a reportagem que foi exibida no Tarobá Esporte desta quarta-feira (13). Imagens de Eduardo Bitencourt e edição de Renan Alves.
Arthur Vinicius, Athila Paixão, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza Viana, Samuel Thomas e Vitor Isaías. Você, certamente, ouviria estes nomes como astros da bola. Estes jovens jogadores brilhariam nos gramados com a camisa do Flamengo, ou com a camisa de outros clubes ou até com a camisa da Seleção Brasileira talvez nos próximos cinco, dez anos...
Estes jovens ainda estavam engatinhando na carreira no futebol. Estavam no anonimato da bola. E se tornaram conhecidos em virtude de uma fatalidade. Os dez garotos foram as vítimas do incêndio que destruiu um dos alojamentos do centro de treinamento do Flamengo. O sonho destes jovens foi interrompido. Agora, os nomes ficarão apenas na lembrança dos familiares, dos amigos, da torcida do Flamengo e de quem se sensibilizou com a tragédia do último dia 08 de fevereiro.
O que arrepia é que esta lista de nomes poderia ser bem maior. O jovem Eduardho Marcante não viu a tragédia de perto. Mas esteve lá no CT do Flamengo e compartilhou algumas das instalações das categorias de base do clube com as vítimas. Ele estava treinando no Rio de Janeiro justamente naquela semana do fato. Mas por ter apenas 12 anos não ficou alojado no mesmo local em que ocorreu o incêndio. Os garotos mais jovens foram abrigados em uma casa. “Mas a gente treinava no mesmo campo. Almoçava lá no CT...”, relata ele.
E o jovem coração de Eduardho está partido com o fato. Afinal de contas, ele perdeu dois amigos na tragédia: Gedson Santos e o goleiro Bernardo Piseta.
Ele também teve uma convivência com Naydjel Callebe, atleta de Marechal Cândido Rondon. Nilson, o pai de Naydjel, relatou o drama vivido pelo filho no dia do incêndio. Diferente de Eduardho, Naydjel esteve alojado no espaço do CT que pegou fogo.
Mais motivado
O atleta cascavelense pratica futebol desde os cinco anos. Começou nas escolinhas de futsal da Associação Atlética Comercial e depois passou para os gramados. Depois de retornar do Rio de Janeiro, ele visitou os colegas da Escolinha do Santos, que funciona no Esporte Clube Canecão, no Parque São Paulo, em Cascavel. Aproveitou, inclusive, para bater uma bolinha e treinar com os demais jogadores.
Seria natural que uma perda como a que ele teve abalaria o grande sonho de Eduardho. Mas ele buscou força e motivação para seguir firme no mundo da bola. “Quero jogar por eles! A gente fica bem triste com a morte dos amigos, mas agora eu me sinto bem mais motivado e quero jogar por eles. Gostaria muito de jogar ao lado deles no Flamengo, mas infelizmente esse sonho foi interrompido. Mas eu me sinto bem mais motivado. Quero realizar o sonho deles. E sempre que eu for jogar bola vou me lembrar deles”, disse o jovem.
O pai, Elder Marcante, também passou por um drama juntamente com a esposa Francielli. Afinal de contas, o filho estava muito próximo da tragédia que vitimou os dez garotos. E que deixou o Brasil de luto... “Pra nós foi um choque. Foi triste. Sabíamos que ele estava bem porque ele não dormia no alojamento. Mas quando recebemos a notícia não sabíamos o que fazer. Tentamos ligar para o Eduardho e ele não atendeu. Aí ligamos para o rapaz que ficava na casa com ele e deu certo. Nos tranquilizou apesar de estar bem nervoso. Mas os amigos dele estavam no CT”, relata o pai.
Eduardho fala com convicção de seguir alimentando o sonho de se tornar jogador de futebol. A fatalidade com os amigos não acabou com esse sonho. E ele não será brecado pelo pai, mesmo que ele tenha que ficar longe de casa ainda jovem. “A gente já conversou com ele. Ele não quer desistir de forma alguma e não tem como a gente dizer ‘não’ pra ele. Ele vai fazer o que ele quiser. Está até ansioso para voltar”, finalizou Elder.
Sonho canarinho
Eduardho revelou que o coração é corintiano. No entanto, tem orgulho de vestir a camisa do Flamengo. O garoto que lamentou a perda dos amigos passou a sonhar mais alto. No futuro, quer sentir orgulho de vestir a camisa canarinho. “Agora eu procuro chegar na Seleção Brasileira Sub-14 e chegar no profissional do Flamengo”, sintetizou ele.
Pela determinação do garoto, certamente, o nome Eduardho, assim mesmo com um “H” para dar um charme a mais, será ovacionado nos estádios. Em cada lance, em cada gol que marcar, uma dedicação especial aos amigos que têm seus nomes eternizados na memória.