Acusado de corrupção, o presidente do Comitê Olímpico do Japão, Tsunekazu Takeda, anunciou nesta terça-feira que deixará o cargo em junho, quando se encerrará o seu mandato à frente da entidade. Apesar do anúncio, o dirigente de 71 anos garante ser inocente das acusações que vem sendo feitas contra ele nos últimos meses.
Em reunião com o conselho de diretores do Comitê, Takeda fez o anúncio formal sobre sua saída daqui a três meses e garantiu que não tentará a reeleição. "Eu não acredito que tenha feito qualquer coisa ilegal. Me causa certa dor criar essas discussões, mas eu acredito que é minha responsabilidade exercer o meu mandato até o fim", declarou.
Takeda é acusado por autoridades francesas de liderar uma suposta compra de votos em favor do Japão na disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2020. Na ocasião, ele ocupava o cargo de presidente da candidatura japonesa para receber o grande evento. A investigação vem sendo realizada pelos franceses há alguns anos. Em dezembro, acusaram formalmente Takeda.
"Eu não fiz nada de errado. Vou continuar a fazer o meu melhor para limpar o meu nome", garantiu o dirigente japonês, que tem grande força política junto ao Comitê Olímpico Internacional. Membro do COI desde 2012, ele é o atual chefe da comissão de marketing da entidade. Quando renunciar ao seu cargo no comitê japonês, ele também perderá suas funções no COI.
No início do ano, logo após a acusação formal dos franceses, Takeda garantiu que não renunciaria. No entanto, a pressão aumentou nos últimos meses, principalmente em razão da maior proximidade dos Jogos - na semana passada, uma série de eventos comemorou a marca de 500 dias para o início da Olimpíada. A cúpula da organização do evento quer se distanciar das acusações enfrentadas por Takeda.
"Eu peço desculpas por decepcionar a sociedade por renunciar a poucos meses dos Jogos. Me sinto mal sobre isso", declarou o presidente do comitê japonês. Ele justificou sua saída ao afirmar que queria abrir caminho para uma "geração mais nova" liderar a entidade.
O mais cotado para assumir a presidência é Yasuhiro Yamashita, campeão olímpico no judô nos Jogos de Los Angeles-1984. Também está na briga Kozo Tashima presidente da Associação de Futebol do Japão. Ambos são integrantes do Conselho Executivo do Comitê Olímpico do Japão.
INVESTIGAÇÃO - A cidade de Tóquio foi escolhida para sediar a Olimpíada de 2020 em 2013, ao superar Madri e Istambul. A eleição, contudo, está sob suspeita. Um dos pontos investigados é um pagamento feito antes do voto de Buenos Aires dado à capital japonesa. O valor de 1,8 milhão de euros (cerca de R$ 7,6 milhões) foi transferido a uma empresa que teria ligação com o senegalês Papa Massata Diack, filho do então presidente da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, segundo o jornal Le Monde.
O dinheiro, que seria para a elaboração de dois relatórios, teria sido usado para subornar membros africanos do COI por intermédio de Diack, que fez campanha a favor de Tóquio. Takeda confirmou esses pagamentos, quando foi interrogado pela primeira vez em Tóquio em fevereiro de 2017, mas não justificou a elaboração dos relatórios.
O dirigente japonês foi acusado após um novo interrogatório em 10 de dezembro. Segundo os investigadores, o dinheiro circulou através de uma empresa baseada em Cingapura, denominada Black Tidings, antes de chegar ao filho de Diack.
O primeiro pagamento, de quase 800 mil euros (R$ 3,4 milhões), data de 30 de julho de 2013, e o segundo, de 1 milhão de euros (R$ 4,2 milhões), de 28 de outubro desse mesmo ano, apenas dez dias antes do voto em Buenos Aires.
Tóquio ganhou no segundo turno de Istambul. A capital japonesa obteve 42 votos na primeira votação e 60 na segunda, frente aos 36 da cidade turca.