"Obrigado meus amigos. Amor infinito para os meus fãs". Foi assim, através de sua conta na rede social Instagram, que o astro jamaicano Usain Bolt falou com o mundo pela primeira vez, horas após ter sofrido uma cãibra no músculo posterior da coxa esquerda, que tirou sua equipe da final do revezamento 4x100 metros no Mundial de Atletismo de Londres, em sua despedida do atleta da carreira.
Ao lado do texto, Usain Bolt postou uma foto em que é consolado por seus companheiros de prova (Omar McLeod, Julian Forte e Yohan Blake), logo após a sua lesão. O jamaicano deixou a pista do estádio Olímpico de Londres sem passar pela zona mista. Kevin Jones, médico da equipe do Caribe, confirmou a cãibra como o problema do atleta. "Foi uma cãibra na parte posterior do músculo esquerdo da coxa, mas a dor é sobretudo pela decepção por perder a prova. As últimas três semanas foram difíceis para ele, vocês sabem. Mas esperamos o melhor para ele, sempre", afirmou.
Um fator que passou a ser considerado como possível causa para o problema muscular de Usain Bolt foi o frio de 11ºC na hora da prova - característica do verão londrino. Yohan Blake, terceiro corredor da Jamaica, afirmou que a demora na sala de chamada dos atletas foi grande e que isso fez os músculos esfriarem e ficarem mais suscetíveis a uma série de lesões, como a cãibra. "Bolt me disse 'eles estão segurando a gente aqui por muito tempo", depois, afirmou que estava 'esfriando' e disse ainda 'eu não gosto disso'", afirmou Blake. O médico do time da Jamaica confirmou a informação. "Estava frio lá atrás... os rapazes estavam reclamando disso sim", disse Kevin Jones.
Seus companheiros de prova afirmaram na zona mista que o líder da equipe estava muito descontente. "Ele nos pedia perdão, porém dissemos a ele que não tinha nada que se desculpar, que as lesões são parte do esporte, parte de nossas vidas", disse Julian Forte, o segundo a correr. Omar McLeod, que abriu a série para a Jamaica, homenageou o companheiro. "Todos estávamos surpresos pela contusão, mas o nome Usain Bolt seguirá vivo para sempre", afirmou o campeão mundial dos 110 metros com barreiras.
Até mesmo os rivais se renderam ao atleta. "Sinto muito que ele tenha se lesionado. Seguirá sendo o melhor do mundo", afirmou o norte-americano Justin Gatlin, medalha de ouro nos 100 metros (Usain Bolt ficou com o bronze) e prata na prova do revezamento 4x100 metros deste sábado - ele rivalizou com Bolt as provas de velocidade da última décadas. "Não podemos deixar que essa infelicidade afetem o que ele conseguiu durante sua carreira. Ele fez coisas incríveis. Desejamos o melhor e que ele possa se recuperar rápido", finalizou o rival do jamaicano.
A equipe do Japão, medalha de bronze na disputa, também lembrou de Usain Bolt. Kenji Fujimitsu, um dos integrantes da equipe japonesa, agradeceu ao ídolo. "Obrigado, Bolt. Você foi uma inspiração para todos nós", disse.
Usain Bolt colocou um ponto final em sua carreira profissional no atletismo neste sábado. O jamaicano mudou a história do esporte e marcou época nas pistas. Ganhou oito medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e em Mundiais de Atletismo acumulou nada menos do que 14 medalhas (11 de ouro, duas de prata e uma de bronze). Ele é o recordista mundial dos 100 metros (9s58), dos 200 metros (19s19) e ainda do revezamento 4x100 metros com a equipe da Jamaica na Olimpíada de Londres-2012 (36s84).