O ex-medalhista olímpico e dirigente esportivo Frank Fredericks foi suspenso nesta segunda-feira pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglÊs), enquanto é investigado por suspeitas de corrupção e propinas relacionadas com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano passado.
A unidade de integridade da entidade declarou que pediu a suspensão do dirigente e que o pedido foi atendido pelo departamento disciplinar da IAAF. Fredericks, que ocupou uma série de cargos no Comitê Olímpico Internacional (COI), ainda está sendo investigado pela entidade máxima do movimento olímpico.
O ex-atleta da Namíbia, de 49 anos, é suspeito de ter recebido US$ 300 mil (cerca de R$ 954 mil, na cotação atual) no dia 2 de outubro de 2009, o mesmo dia em que ocorreu a eleição do COI para a sede de 2016. A suspeita da Justiça na França é de que o dinheiro teria vindo da campanha carioca para sediar os Jogos. Mas, para fazer o pagamento, os recursos teriam sido distribuídos usando uma empresa de marketing criada pelo filho do ex-presidente da IAAF Lamine Diack.
De acordo com o Ministério Público francês, a família de Diack, suspeita de ter recebido US$ 1,5 milhão (R$ 4,77 milhões) de empresários próximos aos organizadores do Rio-2016, transferiu o dinheiro pela empresa Pamodzi para a empresa offshore Yemli Limited. Mas a empresa beneficiada tinha uma relação direta com Fredericks, que foi justamente um dos monitores do COI no momento do voto nas eleições de 2009 e vencida pelo Rio.
Se Fredericks já havia abandonado seus demais cargos no COI e até mesmo a presidência do comitê que avaliaria as candidaturas para 2024, ele mantinha seu posto na entidade de atletismo e rejeitava qualquer irregularidade. Em uma declaração durante o processo, ele afirmou que "não estaria preparado para voluntariamente" abrir mão de sua posição. O suspeito, ainda assim, chegou a um acordo e não comparecerá ao Mundial de Atletismo, em Londres, em agosto.
Fredericks quer contestar às acusações durante as audiências. Mas, pelo menos por enquanto, a unidade de integridade da IAAF alerta que o suspeito não tem respostas e explicações suficientes que possam derrubar as acusações que pesam sobre ele. Isso inclui até mesmo a questão sobre o pagamento e "eventuais conexões entre o depósito e o voto do COI para dar os Jogos de 2016 ao Rio".
O Comitê Rio-2016 nega qualquer envolvimento em pagamentos ilegais e insiste que a vitória em 2009 foi por ampla margem de votos. O suspeito ainda aponta que os US$ 300 mil que recebeu estavam relacionados com uma consultoria que prestou.