Foi em 16 de janeiro de 2008 que a história da Serpente Aurinegra começou. Com a experiência da família Belletti, amante e tradicional no futebol, o clube iniciou as atividades, acreditando no potencial da cidade. A ideia surgiu em uma reunião entre os três irmãos Belletti: Sandro, Juliano e Patrick. “Pensávamos em abrir uma escolinha. Mas como queríamos estar filiados à Federação Paranaense, montamos o time para disputar as categorias de base apenas”, conta Sandro Belletti, que atuou na parte administrativa na época.
O primeiro passo foi a escolha do nome: Futebol Clube Cascavel. Na sequência, veio a construção do Centro de Treinamento. “O CT tinha um campo oficial e outro menor para treino de goleiros. Em seguida, foi construído alojamento para 30 atletas, sala de musculação e fisioterapia. Em quatro meses já contávamos com dois campos oficiais e um reduzido”, detalha Sandro. O desafio era que o time fosse reconhecido pela estrutura e profissionalismo em uma época em que o futebol estava em baixa em Cascavel. E as ambições iniciais de atuar apenas nas categorias de base foram se expandindo à medida que a população e os empresários demonstravam vontade em ter uma equipe profissional. “No amador chegamos a jogar de igual pra igual com os grandes do Paraná. Disputamos em 2009 a terceira divisão e fomos vice-campeões com investimento baixíssimo. Nos outros dois anos, disputamos a segunda divisão com baixo investimento e o objetivo era não cair”, comenta.
Foi depois do Paranaense de 2011 que a família Belletti resolveu se desvincular no projeto. O time foi licenciado. “Na época, a prefeitura não disponibilizou o estádio da cidade para jogarmos e tivemos que jogar em Foz do Iguaçu. Isso tirou a vontade de seguir com o projeto”. Depois desse “hiato” nas atividades, em 2013, o time foi reiniciado, tendo Juarez Berté como presidente. “Nós reiniciamos na terceira divisão. Tivemos, claro, uma dificuldade muito grande com recursos, local para treinamentos... Mas graças a Deus, já nesse primeiro ano da retomada, fomos vitoriosos: conseguimos subir para a segunda divisão. Eu entendo que o potencial de Cascavel é muito grande. A cidade é um polo, temos tudo para crescer no futebol”, deseja o antigo presidente.
Presente
10 anos depois de sua criação, o time vive uma nova etapa. “Nada tão poderoso quanto uma ideia que chegou no tempo certo”. Foi citando o escritor Victor Hugo, que o atual presidente do FC Cascavel definiu o momento que vive o clube. Olhando e admirando os passos que foram dados até agora, Valdinei Silva avalia que o projeto está se concretizando quando deveria se concretizar. “Se não aconteceu antes foi por uma série de conjunturas. Em determinados momentos, as pessoas não tiveram o apoio necessário. Eu sempre acreditei na boa vontade dos gestores que passaram pelo clube, mas antes tudo ficava nos ombros de uma ou duas pessoas, e agora nós somos em mais de 90 pessoas e a cada dia esse número cresce”, analisa Valdinei. A frente da presidência do clube desde o início de 2017, ele buscou parcerias para fazer um plano ambicioso deslanchar: em 10 anos, chegar à Série A do Campeonato Brasileiro.
Acreditando que toda grande caminhada precisa de um primeiro passo, a atual gestão traçou um plano estratégico, que incluiu três frentes de trabalho. “Primeiro, uma turma cuidou para o time não cair para a segunda divisão do Paranaense. Outro grupo foi levantar modelos de negócios Brasil a fora: foram realizadas mais de 20 visitas técnicas em 2017. E a terceira parte da equipe ordenou a formatação jurídica do clube”, detalhou. A reorganização também exigiu mudanças físicas: o CT do FC Cascavel, que hoje já ocupa o 5º lugar de melhor estrutura do Paraná, começou a ser reformado e ampliado.
Futuro
Uma ferramenta governamental de apoio à Cascavel, com visão de negócios, tendo a bola como principal instrumento de desenvolvimento da cultura e da cidadania. É assim que a atual gestão encara a missão do FC Cascavel. “Nós queremos o time forte não só aqui, mas em todo o estado do Paraná. Imaginamos o clube com uma série de escolinhas. Eu acho que esse é o momento, a hora é agora. A cidade comprou a ideia!”, almeja Valdinei, que junto com toda equipe, traçou metas bem definidas para o crescimento gradativo do clube pelos próximos 10 anos.
Uma das primeiras definições é a de que, apesar de ter recebido melhorias, a estrutura atual é provisória. Um dos anseios é construir um CT melhor projetado. Além disso, a ideia também é pensar até mesmo em um estádio próprio. “Nos anos 80, o time que havia aqui tinha um estádio acanhado, uma torcida aguerrida e dava resultado em casa. O problema é que depois o pensamento ficou muito grande, isso afastou a torcida do estádio e, automaticamente, o time se tornou pequeno. Então temos que correr atrás disso: se a gente recuperar o bom futebol, a torcida volta. Hoje nós temos um estádio de 30 mil lugares para uma cidade de 320 mil habitantes. É bonito, é grande, mas não é empolgante. Então, de repente, nós temos que conversar com o prefeito e reavivar o velho Ninho da Cobra”, planeja o presidente.
Inspirados no modelo consolidado pelo time de Chapecó (SC), os atuais gestores do FC Cascavel querem uma torcida respeitosa, que recebe bem os visitantes e que é bem recebida em outras cidades. “Queremos consolidar de vez a base, ter pelo menos duas revelações de valor ao ano, além de organizar o clube, torná-lo rentável financeiramente, e galgar posições: maravilhoso seria chegar na primeira divisão, mas pelo menos ter um bom time disputando com qualidade a segunda divisão todo ano. Nossa intenção é ter um time ordeiro, competitivo, organizado, disciplinado e de, preferência, campeão!”.