Neymar está na final da Liga dos Campeões da Europa. Se para ele não é novidade – foi campeão da Champions e do Mundial de Clubes pelo Barcelona -, para o PSG será algo inédito, pois até hoje só o Olympique de Marseille, na temporada 92/93, foi à final e ainda levou a taça para a França. Mais do que isso, o brasileiro fica mais próximo do tão sonhado prêmio de Melhor Jogador do Mundo, o Fifa The Best, que, apesar da pandemia, será concedido, em dia ainda não definido e de forma virtual.
Eu sou um dos que não acreditavam mais ser isso possível. Neymar está há dois anos fora, inclusive, da lista dos dez melhores. Verdade seja dita, o brasileiro sofreu com lesões e não teve temporadas das melhores. Só que agora a história está um pouco diferente. E o destino, e os números, parecem contribuir para que esse sonho dele se realize.
Das 29 edições do prêmio, em 15 o ganhador tinha mais de 28 anos, idade atual do brasileiro. Alguns, inclusive, ganharam o prêmio pela primeira vez já nessa faixa de idade, entre eles o alemão Mattäus, o português Figo e o brasileiro Romário, em 1994, quando foi campeão do mundo. São boas companhias.
Além disso, a pandemia reduziu o número de competições que servem como balizamento para os votos, como a Eurocopa e a Copa América. E isso aumentou o peso da Champions, que já foi decisiva na indicação do ganhador do prêmio da Fifa, como com o croata Modric, em 2018, aliás também com mais de 28 anos – ele tinha 33.
Neymar completou 26 jogos na temporada 2019/2020 nesta terça-feira (18), o que é muito pouco. Mas como o PSG está com 49 jogos no mesmo período, ele esteve em campo em mais da metade, o suficiente para conquistar três títulos. Para ajudar ainda mais a trajetória do brasileiro, ele foi escolhido o melhor em campo, pela UEFA, nas oitavas-de-final da Champions, contra o Borussia, e nas quartas, contra o Atalanta. Neymar já marcou 19 gols até o momento.
E quem vai concorrer com ele? No ano passado, Messi ganhou o prêmio sem estar na final da Champions, pois o Barcelona acabou eliminado na fase semifinal. Esse ano, o argentino também está fora da disputa da Liga dos Campeões, assim como o português Cristiano Ronaldo, com a Juventus. E nos últimos 12 anos, a dupla levou 11 vezes o prêmio, só perdendo para Modric, em 2018. O belga De Bruyne caiu nas quartas-de-final com o Manchester City, mas foi eleito o melhor jogador da Premier League, e isso certamente será levado em conta na votação. O francês Mbappé, que também joga no PSG, andou fora do time titular. E tem o polonês Lewandowski, do Bayern de Munique, para mim o principal concorrente de Neymar.
Em 45 jogos, Lewandowski marcou 55 gols e conquistou dois títulos no futebol alemão. Pode não ser o principal jogador do Bayern, pois ao lado dele tem o alemão Thomas Muller, mas tem importância relevante. E terá o jogo desta quarta-feira (19), na outra semifinal da Champions, contra o Lyon, e muito possivelmente a decisão para lutar pela premiação.
Vejo o Bayern favorito contra o Lyon e contra o PSG. E isso me faz acreditar que o polonês leve vantagem sobre o brasileiro na premiação. Mas seria no mínimo curioso que, no ano de uma premiação virtual, o ganhador fosse quem tem 140 milhões de seguidores numa rede social.
Falta pouco para Neymar estar “on”.
Por Sergio du Bocage, apresentador do programa “No Mundo da Bola”, da TV Brasil