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Willian, do Palmeiras, abre consultoria financeira e orienta atletas na pandemia

22 jun 2020 às 14:07
Por: Estadão Conteúdo
Crédito: Cesar Greco/Divulgação/Palmeiras -

Planilhas com movimentações bancárias, livros sobre gastos pessoais e vídeos sobre administração têm sido os principais passatempos do artilheiro do Palmeiras em 2020 durante a pandemia do novo coronavírus. Quando não está atarefado com o futebol, o atacante Willian tem aproveitado a pausa no calendário para se dedicar a um outro projeto paralelo. O jogador é o dono de uma empresa de consultoria financeira, atividade cada vez mais procurada por atletas profissionais.

O autor de oito gols na temporada criou a empresa WLJC no ano passado, junto com uma sócia. O empreendimento conta atualmente com dez clientes, metade deles jogadores de futebol amigos de Willian. Os demais são médico, advogado, professor e empresários. O serviço consiste na orientação financeira e na montagem de planos individuais de metas para se economizar e guardar dinheiro, algo fundamental em tempos de crise econômica. O futebol continua como prioridade para ele, mas o projeto na área de finanças caiu no gosto do atacante.

Willian, de 33 anos, teve a ideia de abrir o negócio ao presenciar no futebol o desperdício de dinheiro de vários colegas. "O futebol te dá a condição de atingir vários objetivos, mas se você não tiver uma estrutura para consolidar esse esforço, vai desperdiçar. Já vi muitos jogadores que depois de terminarem a carreira, foram à falência porque não guardaram dinheiro", disse ao Estadão.

A agenda mais tranquila durante a pandemia permitiu a Willian se dedicar aos estudos sobre finanças. Livros e cursos online são as ferramentas favoritas dele. O palmeirense aposta que em breve o número de atletas interessados em ter serviços de consultoria financeira vai aumentar. As reduções salariais feitas pelos clubes e o momento delicado da economia mundial vão deixar os jogadores mais em alerta.

O próprio Willian admite que a preocupação dele com as finanças aumentou com o decorrer da carreira, ao ver que ao contrário das outras profissões, no futebol um profissional costuma se aposentar bem jovem, em média com menos de 40 anos de idade. "Um jogador precisa entender que tem uma carreira curta e é essencial ter orientação para se entender o quanto ganha e o quanto gasta. O nosso trabalho é complicado porque você começa ganhando pouco e logo depois você muda de time, tem um aumento, se empolga e começa a gastar sem controle", explicou.

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O atacante do Palmeiras ainda não pensa em ter o empreendimento como uma opção de carreira no futuro. Willian prefere pensar no momento na carreira como jogador e no retorno das competições. Mas enquanto a rotina não volta ao normal, o atacante troca temporariamente os campeonatos pela companhia dos três filhos e pelo acompanhamento mais frequente sobre como está o trabalho da empresa.

SÓCIA - Quem atende diretamente os clientes é a sócia dele, a administradora Camila Biasi. Com experiência de 15 anos no mercado financeiro, ela trabalha com o monitoramento da conta corrente, organização de planilhas e criação de metas para que os atendidos pela empresa de Willian consigam diminuir gastos e montar pouco a pouco uma reserva financeira. Ao procurar a empresa, o atleta precisa até revelar o quanto distribui mensalmente para sustentar família e amigos.

"O Willian cuida muito da captação dos clientes e quando consegue conciliar agenda para participar de reuniões. O futebol é um meio difícil de você acessar, porque os jogadores são muito cautelosos. Então é importante que seja um outro jogador envolvido na empresa, para dar credibilidade", disse Camila. Os clientes pagam um valor fixo por mês pela consultoria e podem pedir também para a empresa se encarregar de outros serviços, como o pagamento de contas e transferências bancárias.

Recentemente a sócia de Willian orientou um cliente a não gastar com um carro novo. Às vésperas da pandemia, um jogador telefonou para Camila e perguntou se deveria comprar um veículo de cerca de R$ 300 mil. "Eu falei para meu cliente que não era para comprar, até porque ele tinha um carro novo e bom. Ainda bem que ele me ouviu, porque logo depois a crise econômica veio de vez", contou.

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