Quero muito morder minha língua ou queimar meus dedos (já que estou digitando, né?!), mas acho pouco provável que o Londrina Esporte Clube garanta o acesso para o Campeonato Brasileiro da Série A de 2018. Se quando a segunda metade da Série B começou, muitos pensavam que o LEC de hoje poderia ser o Avaí do ano passado, com uma arrancada espetacular, o retrospecto recente prova que não.
Dos últimos cinco jogos, foram quatro derrotas. O time não tem se acostumado a aproveitar o fator casa, a defesa mostra sinais de ‘apagões’, o principal jogador do time e artilheiro do campeonato saiu no meio da Série B, entre outros fatores. Mas o título deste texto não é sobre o futuro recente do Tubarão. A preocupação é com o futuro dos próximos anos.
Dentro de campo, não é possível animar o público com a nova safra. Há quanto tempo o torcedor já não enche o peito pra falar com satisfação dos novos talentos da base? A torcida ficou mal acostumada. De 2011 a 2014, saíram daqui para grandes clubes do Brasil e da Europa jogadores como o lateral Wendell, o volante Bruno Henrique e o atacante Joel.
Depois desses, não apareceram atletas com o mesmo potencial. Existem outros com um escalão de sucesso menor, mas que ainda assim encontraram oportunidade em outros clubes, como o goleiro Danilo, o zagueiro Gilvan, o lateral Ayrton e o atacante Arthur Kayke. Vale lembrar que a maior parte das negociações fica com a SM Sports, mas dos valores totais de jogadores vendidos pela empresa, 9% ficam com o Londrina Esporte Clube.
2020 parece distante, mas é logo ali. Vai ser o último ano do atual contrato entre o LEC e a SM Sports, empresa que administra o futebol do clube. Parece longe, mas são apenas mais três temporadas e meia neste atual formato. O que seria melhor para o clube neste momento? Terceirizar o futebol por mais dez anos ou reassumir a independência?
Fora do campo, há uma organização para quitação das dívidas. Mas este, porém, parece ter sido o único avanço de grande importância desde que a SM Sports assumiu o futebol do LEC. O Estádio Vitorino Gonçalves Dias, que teve concessão de uso renovada pela Prefeitura de Londrina ao Tubarão, mal consegue receber laudos favoráveis para liberação da capacidade total. Para disputa a Série B, a capacidade mínima de um estádio deve ser de 10 mil torcedores.
Centro de treinamentos (do próprio clube) é apenas projeto. Estádio próprio também. O programa de sócio-torcedor virou chacota e nunca emplacou desde que foi lançado. No meu ponto de vista, o grande patrimônio do clube hoje é o Campeonato Brasileiro da Série B, competição que gera calendário cheio, retorno de mídia, exposição para grandes marcas e receita considerável, na casa dos R$ 5 milhões por ano, referente ao direito de transmissões televisivas da competição em cada ano.
Ao longo de seis anos e meio de terceirização do futebol alviceleste, o gestor de futebol do Londrina, Sérgio Malucelli, demonstrou publicamente, inúmeras vezes, a insatisfação com o baixo número de torcedores no Estádio do Café, a baixa assiduidade do empresariado local junto ao time de futebol, dificuldades de relacionamento com o poder público, já que o Estádio do Café é municipal, e afirmou que parte da imprensa local tem culpa nisso pelo amplo espaço que se dá aos clubes do eixo Rio-São Paulo.
Já diria o ditado: “quem não chora, não mama”. As críticas podem ser apenas uma estratégia para que o empresário consiga alcançar com maior agilidade as solicitações feitas. Mas e se a insatisfação for 100% verdadeira? E se a SM Sports deixar o Londrina ao término de 2020 por conta deste desgaste? O que o Londrina Esporte Clube tem de concreto para recomeçar a caminhada de maneira independente?
O futuro preocupa e três temporadas podem ser pouco para começar a pensar (ou colocar em prática) um amanhã diferente. Espaço aberto ao prestativo presidente do LEC, Claudio Cauto, para uma carta de resposta.