Para o lutador, o momento em que sobe no lugar mais alto do pódio para receber a medalha é a realização plena, independente do esporte. É nesse momento solene em que ele é ovacionado pelos seus feitos. E é esse momento que une passado e futuro. No alto do pódio, ele recorda num flash, numa fração de segundos, tudo o que vivenciou para chegar até ali. E também faz uma rápida projeção do que mais pode alcançar. No alto do pódio, ele se pergunta: onde pretendo chegar? O fato é que o momento solene no alto do pódio aguça o desejo de todo o atleta por novas conquistas. E esse é um desejo insaciável...
Um exemplo claro disso são os lutadores da Academia Dojo de Karatê Shotokan Tradicional, do Colégio Marista de Cascavel. Dez deles tiveram o privilégio de participar da quarta edição do Campeonato Brasileiro de Karatê Tradicional. A competição foi realizada no início de julho, em João Pessoa, na Paraíba. Obviamente, eles não foram para o nordeste brasileiro a passeio. Conquistaram as vagas para a competição nacional com méritos próprios no Campeonato Paranaense de Karatê Tradicional.
Quem subiu no pódio em João Pessoa, comemorou o resultado e fez uma projeção futura: se viu na disputa do Campeonato Pan-Americano de Karatê Tradicional. Esse evento será na cidade do México, na América do Norte.
Ou seja, todos eles. Pelos resultados conquistados no Brasileiro, os dez atletas de Cascavel estão classificados para a competição continental. Lógico que eles ainda aguardam a convocação oficial que será feita pela Confederação de Karatê Do Tradicional Brasileira (CKTB).
Volmir Maziero, professor de Karatê e maior defensor da modalidade em Cascavel, acredita que todos possam ser convocados. Isso em virtude do desempenho dos atletas no Brasileiro. Segundo ele, os cascavelenses causaram boas impressões para quem conferiu a competição de perto. “Um dos nossos atletas, o Pablo Juliano Ribinski, conseguiu um hippon”, sintetizou Volmir. O hippon, nome comum para o judô, no karatê significa o ‘golpe perfeito’ que finalizada a luta. É irreversível. É como se fosse um nocaute em outra arte marcial. A exaltação de Volmir tem uma justificativa: situações assim são raras em combates no Karatê tradicional.
O fato é que Pablo, de apenas doze anos, foi um dos destaques do Brasileiro com duas medalhas: prata no Kata individual e bronze na luta.
A lista de campeões, no entanto, é muito maior: Isadora Cantu foi campeã no Kata e bronze na luta, na categoria 10/11 anos. Nessa mesma categoria, João Antônio Braggio Lopes, faturou dois bronzes. Rafael Trentim Gomes Faria teve duas pratas e um terceiro lugar (categoria 12/13 anos). Luis Henrique Martins dos Santos teve duas medalhas no Kata: campeão individual e prata por equipe na categoria 16/17 anos. Wesley Maziero foi campeão na luta, prata no Kata e teve mais uma medalha de bronze (categoria 14/15 anos). Adelino Luiz Bráz Júnior voltou para casa com dois ouros na categoria adulto 22/44 anos (Kata e luta).
Hudson Campos Braz foi campeão na luta e faturou dois bronzes (categoria Máster 45/54 anos). João Carlos Chiocca Martelli ficou com um bronze (categoria Máster 45/54 anos). E o próprio Volmir Maziero foi campeão brasileiro no Kata, no Fuku-go e bronze na luta. Teria conquistado algo mais se não tivesse sofrido uma fratura na mão, que o impediu de ir mais longe na competição. Ao todo, os cascavelenses faturaram oito medalhas de ouro, cinco de prata e dez bronzes.
Apoio
No alto do pódio, no momento pleno de exaltação, no meio da euforia, vem também um choque de realidade. Ali inicia-se a preocupação para a próxima competição. Aí aparece o ônus de ser atleta de ponta. Torneios com o porte do Brasileiro e do Pan do México têm custos elevados.
De acordo com Volmir, para levar uma delegação de 14 integrantes para João Pessoa, na Paraíba, foi necessário um investimento de R$ 50 mil. A estimativa do professor para o Pan do México é de aproximadamente R$ 6 mil por pessoa. Ou seja, são necessários entre 90 e 100 mil reais para levar todos os atletas classificados para o Campeonato Pan-Americano, que será entre os dias 21 a 26 de outubro, na cidade do México, no México. Por isso, o apelo é por apoio. “Não podemos contar com o poder público, que não nos ajuda com nada. Então queremos fazer esse apoio para o empresariado de Cascavel que possam nos patrocinar. Quem tiver essa sensibilidade e possa nos ajudar, seremos muito gratos. Para o Brasileiro, nós tivemos apoio, mas foi pequeno, cerca de 10% de tudo o que gastamos. O ideal é que conseguíssemos pelo menos 50% do valor”, disse.
Os interessados em patrocinar a equipe cascavelense, que vai representar o Brasil no Campeonato Pan-Americano, podem entra em contato com o próprio Volmir Maziero pelo telefone (45) 99981-6538.