O Ballet de Londrina, companhia anfitriã do 17º Festival de Dança de Londrina, chega ao seu quarto de século e conta um pouco desta trajetória de existência e resistência no espetáculo “Travessia”, montagem comemorativa que será apresentada na programação do evento nesta sexta-feira (4), às 20 horas, no Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85). A direção é de Leonardo Ramos.
E como é sempre relativo. Vinte e cinco anos podem parecer pouco a partir de determinadas lentes históricas, mas se multiplica em intensidades quando representa a idade de uma companhia de dança em um país que pouco prima pela cultura. Se acrescentarmos que é um grupo do interior do Brasil, de linguagem experimental e sediado em uma cidade com pouco mais de 80 anos, a história ganha ainda mais singularidade.
Em um programa de uma hora e meia, a (des)montagem reúne trechos dos espetáculos mais emblemáticos da companhia e exibe-os de forma mais ou menos cronológica para uma percepção das profundas revoluções de linguagem pelas quais passou até conquistar um lugar só dela na dança brasileira. A coletânea é costurada por textos poéticos escritos e narrados ao vivo pelo dramaturgo e ator Renato Forin Jr.
A partir da metáfora do “rio da nossa aldeia”, o grupo conta um pouco de suas origens e os locais para onde navegou na América Latina, África e Europa ao longo deste tempo. Os bailarinos permanecem o tempo todo em cena e transformam-se, às vistas do público, de uma peça a outra do programa, que começa na década de 90 e segue até o futuro. Nessa viagem ao tempo, o público de “Travessia” vai ter a oportunidade de assistir a um remake do primeiro duo apresentado, chamado “Um Ex...”.
Deste princípio neoclássico, a companhia dá um salto para o contemporâneo, sua linguagem definitiva, com “...à Cidade” (1996), coreografia pulsante realizada ao som de Astor Piazzola e com inovações, como o uso da dança aérea. Na sequência, a coletânea inclui trecho de “Nunca” (2001), montagem sobre as necessidades essenciais do homem e um questionamento sobre o que teria lhe restado de autêntico.
De 2007 e 2010, respectivamente, estarão presentes partes de “Decalque” e “A Sagração da Primavera”, peças que consolidaram o lugar do Ballet de Londrina como inventor de uma linguagem singular, caracterizada pelos movimentos horizontas e pela busca de inéditos eixos de apoio para os bailarinos.
“Travessia” termina com excertos de trabalhos mais recentes: “Sem Eira Nem Beira” (2013), inspirado na fé e nas tradições brasileiras a partir do Movimento Armorial, e “Oração Pelo Fim do Mundo” (2017), retrato pungente de um presente de dor, que teima em sufocar as diferenças. O prenúncio de futuro fica por conta de um pequeno trecho de “Cinematógrafo”, nome provisório da montagem que está sendo preparada e que elabora movimentos a partir de trilhas inesquecíveis do cinema.
Atualmente, o elenco é composto por jovens profissionais, que dividem o palco com veteranos. O Ballet é a companhia oficial da cidade e possui convênio com a Prefeitura Municipal de Londrina.
Travessia - Ballet de Londrina (Londrina-PR)
Dia 4 de outubro (sexta-feira), às 20 horas, no Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85)
Classificação indicativa: Livre
Valor: R$10 e R$5 (meia-entrada)
(Redação com assessoria)