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Manifesto suave pela liberação feminina

22 jan 2020 às 07:10
Por: Estadão Conteúdo

Rara é a oportunidade de ver um filme costa-riquenho em nossas telas. O Despertar das Formigas, de Antonella Sudasassi Furnis, competiu no Festival de Gramado do ano passado e saiu com o Kikito de melhor filme estrangeiro. Chegou agora ao circuito comercial.

É um filme suave, despretensioso e sobre um assunto da hora: a liberação feminina. Quem espera um tom belicoso no tratamento do tema pode se decepcionar. Antonella parece acreditar que grandes mudanças se fazem de maneira mais sutil. Ou, como disse em Gramado: "As pequenas conquistas são a verdadeira revolução".

Em que consistem essas "pequenas conquistas"? Vejamos. Isabel (Daniela Valenciano) é uma mãe de família, tem problemas de dinheiro, costura para fora para sustentar as duas filhas. Desespera-se quando o marido, Alcides (Leynar Gomez, de Narcos), manifesta desejo de ter mais um filho. Há a observação do olhar feminino a uma cena típica de qualquer sociedade latino-americana. Numa festa, os homens se reúnem para conversar e beber, enquanto as mulheres se concentram na cozinha preparando as comidas e tomando conta das crianças. Os homens esperam ser servidos e isso faz parte da "ordem natural das coisas".

Por isso, nada mais natural que o marido deseje um filho homem, afinal o "herdeiro" ainda não veio. Não lhe ocorre perguntar se essa também é a vontade da mulher que vai arcar com o peso da gravidez e da criação do bebê.

Há outros detalhes. Isabel é uma mulher muito bonita, com sua vasta cabeleira. No entanto, o cabelo comprido a atrapalha na trabalheira diária. Pensa em cortá-lo. Mas como poderia fazer isso sem abdicar da condição de objeto sexual do seu homem?

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São pequenas questões que vão sendo costuradas ao longo da trama, quase de maneira alusiva, mas que compõem um multifacetado olhar feminino sobre a condição do seu gênero.

A trama se dá tanto no plano da realidade como no do imaginário. Algumas fantasias de Isabel ganham imagem na tela. Entre elas, as formigas do título, que têm mais de uma significação na história. Num de seus devaneios, Isabel esboça um ato de revolta. Sai sozinha, vai a um bar, conhece um homem. Tudo real? Tudo imaginário? Mescla de uma coisa e outra? Seja o que for, significa, porém, que seu desejo de liberdade não sucumbiu diante do cotidiano massacrante e do costume de submissão.

O Despertar das Formigas faz alusão ao inseto que trabalha coletivamente. Como se dissesse que, enquanto as mulheres não se levantarem em seu conjunto, a luta de cada uma delas, isoladamente, fica muito difícil. No entanto, é possível.

Nesse filme de estética suave, de boas maneiras, o recado está dado. Se não conduz a rupturas heroicas, mostra que pequenos gestos de transgressão também podem ter sua eficácia. Por encontrarem menos resistência, conseguem às vezes furar barreiras de preconceitos e acomodações seculares.

De conformidade com sua visão de mundo, Antonella não produz tampouco rupturas do ponto de vista estético. Sem ser conformista, O Despertar das Formigas é apenas correto como linguagem cinematográfica. Não nos arranca suspiros de admiração. Apenas uma fruição tranquila da obra de alguém que sabe manejar seu instrumento de trabalho, mas não se arrisca às transgressões. É competente. E, no fundo, para quem acredita em mudança com equilíbrio, a linguagem teria de ser essa mesma.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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