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Como você termina um relacionamento virtual?

29 jan 2018 às 09:55
Por: Redação Tarobá News
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Era uma vez duas pessoas que conversaram pelo WhatsApp, mantiveram-se em contato e se conheceram melhor. Mas um dia, sem explicação, uma das duas param de responder às mensagens, mesmo que a outra pessoa insista em iniciar conversas.

Este comportamento é conhecido como “ghosting” (fantasma, em inglês) e acontece desde a década de 1990. Em 2016, um estudo do site de namoro Plenty of Fish revelou que 78% de pessoas solteiras na faixa etária de 18 a 33 anos foram vítimas deste incômodo sumisso, pelo menos uma vez. Em 2014, o número havia sido menor, 18% dos entrevistados passaram pelo constrangimento.

Sherry Turkle, pesquisadora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets), explica que como esses relacionamentos se estabeleceram virtualmente, as pessoas acabam não sabendo como terminar de outra maneira, mas, apesar de tão comum, esse é um hábito perigoso, pois prejudica a auto-estima do outro.

Nascida na Colômbia, a psicológa especialista em temas sobre família da Universidade do Alabama Annie de Acevedo falou ao Metro.

Por que as pessoas praticam o ghosting em seus relacionamentos?
As pessoas rompem assim simplesmente por não saberem como fazer pessoalmente.
Hoje a maioria dos relacionamentos se desenvolve de forma virtual. As pessoas escrevem e mandam emojis, mas tudo acontece pelo dispositivo. Não tem cara a cara, não tem envolvimento físico nem enfrentamentos reais. É assim que eles se acostumaram e é uma maneira errada de se relacionar. Então terminam sem dar explicações. Nem mesmo por mensagem, o que pelo menos seria um ponto final.

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O que isso pode causar?
Um dos valores sociais que infelizmente perdemos é a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro. Como se sentiria se alguém desaparecesse durante a noite? Você se perguntaria o que fez de errado, porque foi deixado no meio do caminho. É uma situação horrível, mas tida como comum porque esta geração que está vivendo a era tecnológica não lida com emoções. São muito egocêntricos, infelizmente. É como pensar: eu me importo com o que sinto e com o que acontece comigo. O que acontece com os outros não importa, essa pessoa já desapareceu da minha vida.

O que acontece com a auto-estima da vítima de ghosting?
É devastador. Isso afeta sua auto-estima de forma importante. Elas permanecem no escuro e nem podem aprender uma lição diante desta experiência, porque não sabem o que fizeram de errado. Seria importante saber o que aborreceu o outro, por que a pessoa não quer mais se relacionar com ela. É muito difícil, essa pessoa é deixada sem um conhecimento real do que poderia ter acontecido com a outra e a ela acredita que seja culpada. Mas, geralmente, quem some é que tem problemas para se relacionar e se envolver.

Existem casos em que as pessoas aparecem e desaparecem apenas para manter o outro interessado. Por que isso acontece?
Porque não se exige nada diferente disso. Apensar de ninguém ser educado para ser uma segunda opção na vida do outro, quando um tem fobia de compromisso e quer jogar, e o outro quer atenção a qualquer custo, isso acaba acontecendo, e não é incomum. Mas é errado.

Existe alguma maneira de prever esses comportamentos?

É como na era pré-tecnologia, na verdade. Antes dos aplicativos, essas pessoas costumavam telefonar por um tempo, depois sumiam. Quem é vítima desse comportamente precisa trabalhar as suas carências para não aceitar e não cair nessa armadilha.

Então, o que é preciso fazer para se proteger?
É importante se fortalecer, se respeitar e se capacitar para não ser vítima do que pode ser um pequeno jogo com palavras agradáveis para uns, mas que, em geral, como qualquer comportamento mentiroso, ilude as pessoas e lhe causa danos reais.

Leia mais em Metro Jornal

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