Fechando o terceiro dia de São Paulo Fashion Week nesta terça, 23, Ronaldo Fraga emocionou o público ao usar o conflito da palestina e a união de judeus e árabes como analogia para falar sobre diversidade, tolerância e a polarização política do Brasil.
"Em Tel-Aviv, entrei em um café e vi uma faixa com um texto em hebraico. Perguntei o que significava e me explicaram que ali, ao sentarem juntos um árabe e um judeu, a mesa recebia 50% de desconto", conta Fraga.
Essa situação foi representada quase que literalmente na passarela, que tinha uma grande mesa no centro. "Comecei a olhar ao entorno e perceber uma vida totalmente à parte da briga política e religiosa. Estavam ali casais héteros e gays, de árabes e judeus, vivendo de forma totalmente independente do que a gente imagina, que seja aquilo quando estamos de fora."
A apresentação começou com dois homens, ambos com uma das pernas amputadas, que se encontraram no final da passarela com um beijo na boca. Cada um simbolizava uma religião: as costas de uma das camisas estava bordada com a estrela de David e o outro modelo usava um lenço árabe. A cena foi repetida por mais dois casais - um de idosos e um de mulheres.
Depois os modelos (um casting plural e diverso) desfilaram e se sentaram a mesa, compartilhando um banquete composto por comidas das duas culturas. No final da apresentação, todos deram as mãos e fizeram uma ciranda.
Os acessórios misturaram elementos das indumentárias típicas dos judeus e dos palestinos. Nas roupas, o jeans foi o protagonista da coleção - segundo o estilista, foi eleito por ser um material democrático para todas as idades.