A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um problema pulmonar que leva à obstrução da passagem de ar pelos pulmões. Geralmente, a DPOC é provocada pela fumaça do cigarro e pode se apresentar desde uma bronquite ou até um enfisema pulmonar. A bronquite é uma inflamação persistente dos brônquios, enquanto o enfisema é uma destruição dos alvéolos, estrutura responsável pelas trocas gasosas.
Conforme um relatório do Ministério da Saúde, aproximadamente 40 mil mortes por ano estão relacionadas à DPOC. Para esclarecer sobre a doença, a Unimed Cascavel conversou com a especialista Ellen Pierre.
Unimed Cascavel - Como essa doença impacta a vida das pessoas?
Ellen Pierre - A evolução da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é usualmente marcada por declínio gradual da capacidade respiratória, piora da dispneia e presença de exacerbações que estão associadas ao aumento do risco de morte e piora da qualidade de vida. Embora a probabilidade de falecer durante uma internação hospitalar por exacerbação tenha caído nos últimos anos, ela ainda é alta, e varia de 23% até 80%.
A DPOC além de comprometer a respiração, ela cursa com aumento de substâncias inflamatórias no organismo, aumentando o risco de doenças cardiovasculares como infarto e acidente vascular cerebral.
UC - Quais tipos de sofrimento são envolvidos para uma pessoa que precisa conviver com o DPOC?
EP - A DPOC além do sofrimento físico que cursa com limitações físicas para atividades de vida diárias, ela também causa sofrimento psicossocial e econômico.
A dispneia em paciente com DPOC pode ser tão incapacitante chegando até ser causa de abstinência ao trabalho e aposentadorias em pessoas jovens, limitando não só as atividades para o trabalho, mas também a vida social do paciente. Pacientes com DPOC devido a dispneia evitam sair de casa, e no estágio final da doença necessitam de usar dispositivos de oxigênio que os estigmatizam piorando a socialização.
As limitações tanto sociais quanto econômicas são os principais fatores de depressão nestes pacientes e de dores crônicas.
UC - É possível melhorar a qualidade de vida de uma pessoa com DPOC? Como?
EP - Sim, o primeiro passo é otimizar as medicações broncodilatadores para alívio da dispneia, quando mesmo assim o controle não é alcançado pode ser utilizado a morfina. Pacientes que necessitam de oxigênio pode ser ofertado dispositivos portáteis que facilitam o deslocamento do paciente.
Além do controle da dispneia, o paciente com DPOC deve receber o suporte psicológico para o tratamento de sintomas de depressão e sofrimento espiritual.
UC - Quais os principais problemas que os familiares de uma paciente em uso de oxigênio enfrentam?
EP - Familiares de pacientes com DPOC convivem com o sofrimento psicológico e espiritual experimentado pelo paciente, que pode ser causa de desavenças entre os membros da família.
Pacientes com limitações físicas impostas pela dispneia necessitam de um suporte familiar, por vezes necessitando de um cuidador para o auxílio em atividades do cotidiano, o que pode prejudicar o orçamento familiar. Além do impacto financeiro, os sintomas da doença pode ser causa de angústia para o cuidador, pelo sentimento de impotência em ajudar o ente querido.
Um outro problema pouco explorado é a vida sexual, pacientes com DPOC devido a dispneia podem estar menos dispostos a uma vida sexual com o cônjuge ou parceiro, levando a a conflitos na esfera sentimental e familiar.
UC - Deixe uma mensagem para os pacientes com DPOC.
EP - Os pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica devem receber o suporte medicamentoso adequado, não esquecendo dos cuidados psicológicos e espirituais para amenizar os sintomas causados pela doença.
O acompanhamento por uma equipe multidisciplinar é fundamental para o tratamento, facilitando a reabilitação e alivio da dor total experimentado pelos pacientes.
Cuidar de você. Esse é o plano.