A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou, nesta semana, que a partir de janeiro de 2026, a conta de energia elétrica terá bandeira verde, ou seja, não haverá a cobrança extra no consumo de energia elétrica no país. A decisão traz um ceto alívio imediato ao fluxo de caixa do produtor rural, especialmente para aqueles que dependem de atividades eletrointensivas durante o auge do verão, como avicultura, pecuária de leite e produção em estufas.
A mudança na cor da bandeira representa uma redução significativa nos Custos Operacionais Efetivos (COE) das propriedades rurais. Na prática, a bandeira verde gera uma economia imediata de R$ 1,88 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, se comparada com a bandeira amarela que vigorou em dezembro. E a diferença é ainda maior quando olhamos para o cenário de novembro, quando a bandeira vermelha patamar 1 estava ativa.
Avicultura e leite são os maiores beneficiados
A confirmação da Aneel chega em um momento crítico. O verão exige o uso máximo de energia elétrica para garantir o bem-estar animal e a qualidade dos produtos.
Na avicultura de corte e postura, por exemplo, a energia é um insumo vital. Segundo dados do setor compilados pela Abrace Energia, a eletricidade pode representar até 35% dos custos de produção em granjas de alta tecnologia. Isso acontece porque, nos meses mais quentes, os sistemas de climatização – compostos por exaustores e placas evaporativas – precisam operar em potência máxima para evitar a mortalidade das aves pelo calor.
A pecuária leiteira é outro segmento diretamente impactado. O resfriamento imediato do leite após a ordenha é a etapa que mais consome energia dentro da fazenda. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) já apontou, em análises anteriores, uma correlação direta entre a queda na tarifa de energia e a deflação nos custos de produção do leite. Portanto, a bandeira verde ajuda a recuperar a margem de lucro do pecuarista.
Irrigação e o alerta para o futuro
Para a agricultura irrigada, a notícia também é positiva no curto prazo. Com a possibilidade de veranicos (períodos de estiagem durante a estação chuvosa) afetando lavouras de arroz e feijão, os pivôs de irrigação precisam ser acionados com frequência. No entanto, apesar do alívio momentâneo na tarifa, o setor mantém um sinal de alerta ligado para questões estruturais.
Associações de irrigantes, como a Aprofir, chamam a atenção para os riscos trazidos pela Medida Provisória 1.300/25. A proposta altera as regras de descontos para a irrigação noturna e pode restringir os horários de benefício. Se aprovada sem alterações, a medida pode anular os ganhos tarifários obtidos com bandeiras verdes no médio prazo, elevando novamente o custo para quem produz alimentos com uso intensivo de tecnologia. Por ora, a bandeira verde de janeiro garante um respiro necessário para começar o ano com as contas mais equilibradas no campo.
No entanto, o preço final dos alimentos, em geral, também dependem de outros insumos, como o farelo de soja, milho, e insumos como os fertilizantes, que precisam ser importados.