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Moradores de Porto Alegre deixam casas pela 2ª vez: 'Pesadelo sem fim'

23 mai 2024 às 15:48
Por: UOL
- Concresul/Divulgação

A volta da chuva em Porto Alegre hoje alagou ruas novamente, e forçou moradores a saírem de casa mais uma vez em meio ao alagamento. A água subiu rapidamente no trecho entre as avenidas Padre Cacique, Praia de Belas e José de Alencar na manhã de hoje.


O nível no Guaíba registrava 3,90 metros no Cais Mauá às 12 horas desta quinta-feira. Especialistas projetam que o volume de água deva ficar acima da cota de inundação até o início de junho. Segundo dados da Defesa Civil, 163 pessoas morreram no Rio Grande do Sul devido às enchentes.


A prefeitura enviou avisos para que moradores do sul, extremo sul e ilhas da capital não voltem para casa. Pedido foi feito devido à "possibilidade de uma nova elevação no nível do Guaíba nesta localidade", afirmou a administração em nota.


Morador da Vila Farrapos, na zona norte da capital gaúcha, o comerciante Marcelo de Campos Barbosa, 44, está em Imbé, no litoral gaúcho, e sem qualquer previsão de retorno devido ao alagamento em uma das áreas mais atingidas pela enchente. Diariamente, ele recebe vídeos de moradores que seguem fazendo rondas de barco pela região. A casa onde ele mora continua coberta pela água.


"Tem sido terrível, não tenho perspectiva de volta para casa. Perdi tudo o que eu tinha. É desesperador", disse.

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"É muita tristeza. A água tomou conta do meu mercado e da parte debaixo da minha casa. As ruas estão alagadas", relatou a comerciante Janete Pereira Constante, 60, que teve o estabelecimento comercial invadido pela água no Humaitá, bairro onde fica a Arena do Grêmio e que faz divisa com a Vila Farrapos.


O retorno da chuva prejudicou o trabalho dos funcionários da prefeitura de Porto Alegre que retiram os entulhos das ruas. Em um desses pontos, há uma montanha com excesso de lixo em uma área do poder público improvisada para fazer a coleta.


'Tempo de pegar as coisas e sair'


Com uma mochila nas costas, a enfermeira Bruna Cristina Dias, 23, saiu do prédio onde mora na avenida Praia de Belas com a água já pela cintura.


Resgatada em um barco enquanto a água subia há pouco mais de duas semanas, ela ficou na casa de parentes e retornou ontem para o apartamento. Mas a tentativa de retomada da normalidade só durou algumas horas.


"Só tive tempo de pegar as minhas coisas e sair. Estou vivendo um pesadelo que não acaba nunca".


Em seguida, a empresária Vitória Luz da Silva, 23, saiu do mesmo prédio visivelmente abalada. Natural de Santa Cruz do Sul, ela se mudou para a capital gaúcha no começo do ano. Mas o trauma deixado pelas enchentes já estão fazendo com que ela pense em retornar para a cidade de origem.


"Eu voltei ontem, comecei a organizar as minhas coisas e tive que sair de novo. É traumático e assustador. É um pesadelo ter que reviver isso".


Dono de um restaurante na região, Aureo Finato Giovanella, 57, foi ao local para tentar minimizar perdas, caso a água invadisse o estabelecimento. "Começou a alagar tudo de novo. Tô preocupado é com medo de sofrer mais prejuízo", disse.


A água subiu rapidamente no fim da manhã de hoje no trecho entre as avenidas Padre Cacique, Praia de Belas e José de Alencar. Um carro quase foi submerso pela água na José de Alencar, obrigando o motorista a abandonar o veículo pela água. Uma lixeira também foi levada pelo alagamento, enquanto as pessoas saiam às pressas de onde estavam.


Entulho e lixo


Em apenas três dias, já foi recolhido ao menos 4 mil toneladas de entulho. A projeção de funcionários da prefeitura é que a situação só se regularize em um prazo de ao menos dois meses.


"Aqui é um dos pontos de recolhimento. Depois, o lixo vai ser levado para o Porto Seco. E, de lá, vai para o aterro sanitário de Gravataí. A situação aqui se agrava com a chuva, porque todo o chorume do lixo vai para o solo", explica o educador ambiental da prefeitura, Edu Nunes.


Chuvas afetam outras cidades


Chuva forte foi registrada no oeste e no sul do estado. Mais de 45 milímetros foram contabilizados em municípios como Jaguarão, Canguçu e Bagé, informou o MetSul.


Em Pelotas, cidade em estado de calamidade devido à cheia na Lagoa dos Patos, chegou a chover granizo. Ventos acima de 70 km/h também foram registrados.

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