Quando descobrimos o Pré-sal, o Brasil trabalhava no limite do conhecimento e da capacitação tecnológica. É o que explica Maíza Goulart, gerente do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenps). Este é o tema da segunda reportagem da série especial sobre os 70 anos da Petrobras exibida no Jornal da Band.
“A noção é só olhando 15 anos para trás e vendo o que aconteceu nesses 15 anos e como aquela primeira gota foi importante para o desenvolvimento”, disse Maíza, emocionada.
O Pré-sal foi uma descoberta que transformou a história do país e que começou em 1968, com as primeiras perfurações, ainda em águas rasas.
“Trouxe uma informação geológica que a gente não conhecia nas nossas bacias sedimentares, que era a presença de sal, mas muito sal”, pontuou o geólogo Guilherme Estrella.
Fundado 10 anos depois da Petrobras, Cenpes virou um dos mais importantes complexos de pesquisa aplicada do mundo, uma história que milhares de profissionais ajudaram a construir.
“Era um sonho seguir uma carreira de pesquisa e uma carreira de pesquisa em sensoriamento remoto, que é a minha paixão, que é análise de imagens de satélite para estudos de como melhor aproveitar os recursos naturais”, disse Fernando Pellon de Miranda.
“País pra frente”
Os estudos que não ficaram restritos apenas à empresa. O Instituto de Pesquisa em Engenharia da UFRJ (Coppe) foi criado na mesma época. Ali começou uma parceria que até hoje rende frutos. Um dos projetos mais antigos estudava os equipamentos de exploração no mar.
"Essa articulação entre as instituições do Estado é isso que ele conduz o país para a frente" (Antônio Macdowell De Figueiredo, diretor da Coppetec)
Foi graças às pesquisas que, em 2006, o mundo inteiro voltou os olhos para o Brasil. O Pré-sal é uma área de reservas petrolíferas que fica debaixo de uma profunda camada de sal, formando uma das várias camadas rochosas do subsolo marinho.
Em 2008, veio a retirada da primeira amostra de óleo. A Maíza, hoje no comando do Cenpes, era a gerente de plataforma.
“Eu acho que a gente só tem noção mesmo olhando para trás, do quanto aquilo mudou a história. Eu acho que a emoção lá era a emoção de mil desafios que a gente venceu para conseguir abrir aquela válvula”, relembrou-se Maíza.
Ao longo dos 15 anos, desde a primeira produção, o Pré-sal comprovou o tamanho daquela descoberta. Hoje, quase 80% da produção da estatal vêm de lá.