O uso inadequado de chás preparados com ervas pode ter consequências graves, até fatais. Em Cambé, a morte de uma jovem de 18 anos pode estar relacionada ao consumo da buchinha-do-norte, uma planta nativa da América do Sul, amplamente conhecida na medicina popular, mas que, se usada de forma incorreta, pode ser extremamente tóxica. Um especialista alertou sobre os riscos do consumo indiscriminado de ervas medicinais.
A buchinha-do-norte é tradicionalmente usada para aliviar sintomas respiratórios, mas, segundo Nilton Arakawa, doutor em farmacognosia e especialista em ervas medicinais, seu uso indevido pode ser letal. “A diferença entre o remédio e o veneno é justamente a dose. Uma alta concentração desse buchinha, por exemplo 1 grama dela já pode ser letal para uma pessoa de 70 quilo, aproximadamente” , explicou Arakawa.
A jovem de 18 anos, encontrada morta em sua casa em Cambé, nesta semana, pode ter consumido o chá da planta como medida abortiva. A Polícia Civil investiga o caso, que levanta preocupações sobre o uso indevido de plantas tóxicas.
Além da buchinha-do-norte, o professor também alerta para o consumo de outros chás que podem ser fatais. Um exemplo é o chá da casca de romã, que, se ingerido, pode causar intoxicação grave. “A forma como a população utiliza é na forma de gargarejo. A casca da romã produz uma substancia toxica que não pode ser ingerida. Então o adulto consegue fazer o gargarejo, já uma criança pode ser problemático”, alertou o especialista.
Outro risco apontado são os chás que combinam diversas ervas e prometem curas milagrosas para doenças e tumores. Nilton Arakawa ressalta que cada planta contém uma variedade de substâncias, e a ingestão sem o devido acompanhamento pode causar sérios danos ao organismo.
A principal recomendação para quem deseja utilizar ervas medicinais é procurar orientação médica ou farmacêutica antes de iniciar qualquer tratamento. "A automedicação com ervas pode ser perigosa. Consultar um especialista é fundamental para garantir a segurança e a eficácia", concluiu Arakawa.