Uma assembleia de condomínio convocada pela síndica do Residencial Allegro Village resultou em confusão e insatisfação generalizada entre os moradores. O motivo da discórdia é a necessidade de uma terceira chamada de capital em 2025 — um valor extra cobrado dos condôminos — desta vez para quitar dívidas acumuladas. Os proprietários cobram transparência nas contas, alegando que pagam taxas altas sem ver o retorno dos investimentos, o que tem transformado o sonho da casa própria em um pesadelo.
A reunião discutiu a nova cobrança extra para o caixa do condomínio, o que revoltou parte dos moradores. "A gente paga um valor de condomínio super alto e não tem retorno. A síndica não dá transparência para o que acontece", desabafou a aposentada por invalidez Marielli Ramos. A confeiteira Ingrid Daiane reforça a cobrança, apontando que a falta de clareza nas despesas tem gerado um clima de desconfiança no conjunto habitacional.
Questionada pela reportagem, a síndica do prédio se recusou a gravar entrevista, mas enviou um áudio onde afirma ter todas as notas fiscais que comprovam os gastos do prédio e nega ter cometido qualquer irregularidade.
Além da crise de gestão, o Allegro Village enfrenta um histórico de dificuldades que se arrastam desde a construção. A obra, iniciada em 2014, demorou mais de dez anos para ser concluída, com duas paralisações e substituições de construtoras por problemas. O empreendimento, construído no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (MCMV-FAR), teve a primeira empreiteira falida e a segunda com contrato rompido pela Caixa Econômica Federal por descumprimento de prazos.
Após as substituições, a Contato Engenharia e Obras Ltda assumiu e concluiu o residencial. No entanto, mesmo com a entrega no final de 2024, problemas estruturais, como infiltrações, persistem no local, segundo relatos. "A gente esperava tranquilidade, mas o resultado foi o oposto", lamenta a moradora Gleycielle Brugnario. A reportagem tentou contato com a construtora responsável para comentar os problemas estruturais, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.