A ressocialização, processo pelo qual a pessoa privada de liberdade é reintegrada à sociedade, é um tema cercado de debates e desafios complexos. Em entrevista ao Professor Fabrício Carraro, no podcast "Heróis e Vilões", o coordenador do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (DEPEN), Elcio Martins Basdão, falou sobre a importância de promover a reintegração com dignidade e segurança. Elcio iniciou sua trajetória no sistema penitenciário em 1994 e destaca que muitos indivíduos deixam o sistema ressocializados e recuperados, o que, segundo ele, é parte da missão de uma equipe penal comprometida.
Ainda sobre a realidade prisional, Elcio revelou uma mudança significativa no perfil etário dos internos. Ele relembra que, em 1994, a maioria tinha entre 30 e 40 anos, enquanto hoje 80% da população carcerária tem entre 19 e 30 anos. Segundo o coordenador, essa transformação está diretamente ligada ao avanço das drogas ilícitas, que acabam atraindo muitos jovens para o mundo do crime. "Nossos jovens hoje estão mais propensos a entrar nesse universo, e isso é reflexo das facilidades para a circulação de drogas em diversos ambientes”, afirmou Basdão.
O coordenador também detalhou os esforços do sistema penitenciário em oferecer oportunidades de educação e trabalho, com laborterapia, cursos profissionalizantes e parcerias com universidades. Segundo ele, existe uma seleção rigorosa para garantir a segurança dos internos e da sociedade. "Não é qualquer pessoa privada de liberdade que pode participar de determinadas atividades, como sair para estudar em uma universidade. Todas as ações de ressocialização passam por avaliação criteriosa", explicou. “É sempre uma satisfação ver ex-detentos hoje atuando como funcionários ou até como empresários”, acrescentou.
Para desmistificar a imagem negativa sobre o sistema prisional, Elcio convida a população a conhecer o trabalho feito nas unidades penais. Ele contesta a ideia de que a prisão seja uma “universidade do crime” e garante que a Polícia Penal atua com uma equipe multidisciplinar e constante monitoramento. "Toda a sociedade deveria conhecer o trabalho de uma unidade prisional. Acredito que, assim, é possível ter outra concepção sobre o que de fato é executado dentro dessas instituições e sobre os processos de ressocialização das pessoas privadas de liberdade", concluiu.
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