O modelo tradicional de trabalho condicionou as pessoas a rotinas exaustivas, atualmente, o esforço físico foi substituído por tarefas que exigem concentração mental, o que pode desencadear quadros de depressão, ansiedade e burnout — a chamada “doença dos trabalhadores”. Em meio às dificuldades de conciliar vida pessoal e profissional, surge a pergunta: como o dinheiro e o planejamento financeiro impactam nossas decisões e nossa qualidade de vida?
Segundo Fernando Zanluchi, psicólogo especialista em psicologia clínica e psicanálise e mestre em Educação pela UEM, em entrevista à Cíntia Calilzotti, no podcast Cíntia Investe, mesmo que o trabalho braçal fosse cansativo, ele permitia direcionar a energia e aliviar o estresse. “Com o trabalho atual, sem esforço físico e muito fracionado, você não consegue enxergar o resultado do que faz nem o valor disso para a sociedade. Isso gera tensão, estresse e perda do sentido da vida profissional”, reflete o psicólogo.
O desejo de trabalhar, ganhar dinheiro e conquistar bens materiais muitas vezes leva as pessoas a negligenciar outras áreas da vida, como lazer, bem-estar, tempo em família e autocuidado. “O dinheiro não tem valor em si; ele é uma ferramenta para alcançar o que realmente importa. O trabalho é o meio para isso. Quando a mente não consegue parar, é preciso refletir sobre o que se quer da vida. O trabalho deve ser um meio para a felicidade, não a própria fonte dela. A felicidade não depende do poder financeiro, mas da capacidade do que você faz com ele”, explica Zanluchi.
Ele também destaca que dinheiro e trabalho são questões de sobrevivência: garantem moradia, alimentação e condições dignas. Porém, mesmo pessoas de baixa renda sofrem com a pressão do consumo e são incentivadas a gastar. O problema, segundo o psicólogo, não está em adquirir bens, mas na falta de consciência sobre as necessidades reais. O planejamento financeiro é essencial para evitar o endividamento.
Zanluchi afirma ainda que o comportamento profissional e de consumo é moldado desde a infância. O ambiente familiar e social constrói a identidade de cada indivíduo. Para mudar hábitos e decisões financeiras, é necessário autoconhecimento: entender, respeitar e trabalhar a própria história como parte do exercício do planejamento financeiro.
Para equilibrar vida profissional, pessoal e comportamentos de consumo, o caminho é estabelecer limites. “É preciso aprender a impor limites — para os outros e para nós mesmos. Entender que somos responsáveis por nós, por nossas prioridades e necessidades reais. E, acima de tudo, saber quais influências externas merecem espaço na nossa identidade”, conclui o psicólogo.
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