O tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre importações do Brasil está previsto para começar em 1º de agosto. Até lá, existe espaço para negociações diplomáticas. O problema é que empresas daqui já estão sofrendo prejuízos com a suspensão dos embarques.
Em Bento Gonçalves, conhecida como a terra do vinho no Brasil, também são produzidos móveis. São mais de 300 empresas, com clientes fixos em mais de 50 países.
Quase vinte por cento (17%) dos móveis produzidos na região de Bento Gonçalves são exportados para o mercado americano.
Agora, é pé no freio. O tarifaço de Donald Trump já impacta os negócios. Numa fábrica visitada pelo Jornal da Band, uma encomenda de 2,1 mil cadeiras estava pronta para ser despachada para os Estados Unidos, mas o pedido foi suspenso.
Os seis contêineres lotados poderiam chegar lá só no próximo mês, já com a taxa em vigor. Por isso, os clientes resolveram esperar.
“É um grande cenário de incerteza. É difícil de virar a chave. Não vou para os Estados Unidos. Vou para outro mercado. Isso não vai acontecer num curto espaço de tempo”, lamentou a empresária Cíntia Ceriotti Weirich.
Em outra empresa, dois contêineres com cozinhas, armários e racks ficaram pelo caminho. Foram 2 mil peças, compradas por americanos para serem enviadas para Porto Rico, que não saíram do depósito.
Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que o Rio Grande do Sul será o segundo estado brasileiro mais prejudicado pela cobrança da tarifa, atrás apenas de São Paulo. As perdas no PIB gaúcho podem chegar a quase R$ 2 bilhões.