O sistema híbrido de ensino, adotado pela rede municipal de Londrina por conta da pandemia, alterou o dia a dia de muitas crianças. Para aquelas que tem autismo, o impacto foi ainda maior, elas sentem mais dificuldades para lidar com mudanças na rotina e precisam de ajuda para se adaptar. Por conta das semanas alternadas de aulas presenciais, essas crianças não conseguem desenvolver rotina ou vínculos, desencadeando uma série de problemas, como crises e ansiedade.
Priscila Suplano é mãe do Vicente, de 4 anos. Ele tem autismo em grau moderado e frequenta as aulas na rede municipal de ensino na zona sul de Londrina. Segundo a mãe, desde que retomou as aulas no formato híbrido, ele voltou a ter crises. “O Vicente possui um problema muito grave do processamento sensorial, então ele se desestabiliza muito fácil se ele não tiver uma rotina e seguir todas as etapas certinhos. Ele começou a apresentar várias crises, chegou a ter cinco em um único dia. Em conversa com a equipe que trabalha com ele, nos passaram que foi a influência da falta de rotina da escola. Ele não consegue evoluir no tratamento por conta disso”, explicou.
Assim como Priscila, outras 14 mães procuraram as escolas e a Secretaria de Educação, e pediram para que seus filhos pudessem frequentar as aulas todos os dias. O apelo não foi atendido sob a justificativa de que era necessário respeitar o protocolo de biossegurança.
Depois de tentar negociar com a Educação sem sucesso, as mães decidiram procurar o Ministério Público e encaminhar um pedido para que autorizem as aulas totalmente presenciais para as crianças.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que todos os casos de alunos com deficiência passam por avaliação individual pela equipe da secretaria e professores. Disseram, ainda, que alguns casos, alunos estão frequentando a aula todos os dias, mas que em outros casos depende de fatores como o percentual de estudantes na sala de aula.