Vinte e um presos do sistema prisional do Paraná foram aprovados em primeira chamada no vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (05). Os cursos com o maior número de detentos aprovados são Educação Física (licenciatura), com sete; e Serviço Social, Nutrição e Direito, que tiveram duas aprovações cada. Também há aprovados em Ciências Biológicas, Engenharia Elétrica, Matemática, Letras e Ciências Contábeis.
Os 21 aprovados estão na Casa de Custódia de Londrina (CCL), no Centro de Reintegração Social de Londrina (Creslon) e na Penitenciária Estadual II (PEL 2). Em comparação com a primeira chamada do último vestibular da UEL, o número de aprovações cresceu 38% – com oito aprovados a mais.
Segundo o diretor regional do Departamento Penitenciário de Londrina, Reginaldo Peixoto, esse quantitativo vem crescendo com o passar dos anos. “Eu acredito que este número, de 21 aprovados, possa dobrar com a segunda e a terceira convocações. Os professores e alunos das penitenciárias se motivam cada vez mais para que este número possa aumentar, e é o que vem acontecendo desde o princípio do projeto aqui em Londrina”, explica Peixoto.
O vestibular para os presos ocorre em Londrina desde 2013, resultado de um acordo estabelecido entre a UEL. O processo representa uma ação ade ressocialização que garante oportunidade e perspectiva de vida para presidiários e familiares.
O acesso à educação para o preso é um direito constitucional, reforça Reginaldo Peixoto. “Investir em educação é sempre um passo para um futuro melhor”, afirma.
Ele aponta que o preso que estuda e que está engajado em programas de educação, trabalho e profissionalização tem chances menores de delinquir novamente. "Então, é importante para ele, pois sairá do sistema prisional melhor do que quando entrou, e também é importante para as penitenciárias, pois onde há presos engajados nos programas, a unidade tende a ser mais calma e o cumprimento de pena mais fácil. Quem ganha é a sociedade”, enfatiza Peixoto.
Para que o preso aprovado em vestibular possa cursar a universidade ele precisa de autorização judicial. São levados em consideração critérios como natureza do crime, montante da pena cumprida, quanto ainda falta para cumprir, bom comportamento carcerário.
“Existe um processo rigoroso de autorização, fiscalização e de acompanhamento. O preso passa por entrevista no setor de segurança, por assistentes sociais, por psicólogos, entrevistas pessoal com o promotor e o juiz. Após todo este processo, devidamente analisados toda a questão jurídica e o nível de periculosidade, os presos são liberados ou não para cursar”, explica Peixoto.
No Paraná
Segundo o mais recente levantamento do Setor de Educação e Capacitação do Depen, em abril deste ano, 45 cursam ensino superior, presencial ou a distância, em 10 unidades do Estado. São 17 pelo Programa Universidade Para Todos (ProUni), 14 pelo processo de vestibular e dois pelo Sistema de Seleção Unificada.
Os principais cursos são Letras (11), Administração (4), Direito (3), Educação Física (5), Serviço Social (3) e Serviços Jurídicos e Notariais (3).