Rubens Barrichello já era um veterano do grid quando chegou ao Grande Prêmio da Alemanha de 2000. Após 123 GPs disputados e passagens por Jordan e Stewart, o brasileiro havia conquistado pódios, poles e reconhecimento na Fórmula 1. Mas ainda faltava a vitória. Em seu primeiro ano de Ferrari, a pressão aumentava a cada corrida.
A prova em Hockenheim não parecia ser o cenário ideal. “Cheguei me perguntando muito. Por que será? Depois de tanto tempo, tendo ganho os campeonatos de base, o que tanto faltava?”, disse o brasileiro em entrevista exclusiva ao Fórmula Band.
O fim de semana começou turbulento. O motor de Barrichello quebrou no sábado, e o carro reserva, que seria seu, acabou destinado a Michael Schumacher após um acidente do alemão. “O mecânico falou pra mim: ‘pode ficar tranquilo que o carro reserva será seu’. Dez minutos depois, Schumacher bateu. Aí ele falou: ‘o carro não será mais seu’.”
Durante a classificação, Rubinho ainda enfrentaria a chuva, que caiu justamente quando ele finalmente teria uma chance de voltar à pista. “Eu olhei pro céu e falei: eu não tô acreditando.”
Mas o que parecia uma sequência de infortúnios virou um prenúncio de algo maior. “Papai do céu estava preparando algo muito, muito especial pra mim.”
Pneu de pista seca na chuva?
No domingo, Barrichello largou apenas da 18ª posição. A missão era improvável, mas o brasileiro avançou com talento e agressividade. Escolheu uma estratégia de duas paradas, com o objetivo de andar mais leve e ultrapassar os adversários na pista. “Fui fazendo uma corrida muito boa, ultrapassando”, lembrou.
Tudo mudou com a entrada do safety car, após um invasor invadir a pista. Com o pelotão reagrupado, Rubinho já estava em terceiro. Foi quando a chuva começou a cair. Ross Brawn, estrategista da Ferrari, chamou o brasileiro aos boxes. Ele recusou. “A pista não está molhada”, respondeu. E manteve-se na pista com pneus para seco, mesmo debaixo da água.
“Foi isso que foi a minha grande explicação. Papai do céu me preparou no sábado pra que eu conhecesse a pista. Só eu fui na pista naquele momento, porque todos já haviam feito o tempo de classificação.”
Finalmente a primeira vitória
Barrichello resistiu à pressão, confiou no instinto e na sensibilidade em meio à pista molhada. Manteve o carro no traçado enquanto rivais enfrentavam dificuldades com pneus intermediários. A vitória, enfim, veio. E foi especial. “A gente nunca pode desistir, a gente nunca pode deixar de crer, de ter fé. Eu tenho muita fé.”
Naquele dia, Rubinho deu fim a um jejum de mais de sete anos sem vitórias do Brasil na Fórmula 1. E colocou seu nome na história da categoria, não apenas pelo feito, mas pela forma como aconteceu.