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Alemanha retoma o isolamento para 600 mil

24 jun 2020 às 07:16
Por: Estadão Conteúdo

A Alemanha anunciou nesta terça-feira, 23, o restabelecimento do confinamento em dois distritos do país, onde vivem mais de 600 mil pessoas, em razão da notificação de 1,5 mil novos casos de covid-19 entre trabalhadores de um grande frigorífico. Segundo autoridades, pelo menos 360 mil pessoas em Gutersloh e outras 280 mil, em Warendorf, voltarão a conviver com limitações de deslocamentos e atividades por uma semana, para conter a propagação do vírus.

Segundo o líder da região da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, o novo confinamento deve durar até o dia 30. As novas regras preveem o fechamento de bares, cinemas e museus, assim como a proibição de atividades de lazer em espaços fechados. As pessoas, no entanto, podem circular pelas ruas.

Os restaurantes têm permissão para abrir, mas com restrições, segundo Laschet. As medidas, dez dias antes das férias escolares, tentam "acalmar a situação e aumentar os testes" de detecção, afirma Laschet. A população recebeu as novas restrições com alívio. Alguns até preferiam que as autoridades as impusessem mais cedo. "É um pouco tarde, caso contrário não haveria tal disseminação", disse Brigitte Jager, moradora de Rheda-Wiedenbruck, perto de Gutersloh, onde fica o matadouro.

A iniciativa das autoridades de saúde da Alemanha, país que teve 8.986 mil mortes pela covid-19 e apontado como modelo no combate à pandemia, tem como objetivo conter o que pode significar uma segunda onda de contaminação, que começou a se espalhar a partir do maior matadouro da Europa. O frigorífico Tönnies fica perto de Gutersloh e tem cerca de 6,7 mil funcionários. Muitos são procedentes da Bulgária e da Romênia.

Na noite de segunda-feira, 22, as autoridades locais anunciaram que 1.553 pessoas estavam infectadas com a covid-19 em Gutersloh - 21 estão hospitalizadas, sendo 6 em UTIs. Em razão das novas notificações, pelo menos outras 7 mil pessoas - incluindo todos os funcionários do matadouro - entraram em quarentena.

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Essas pessoas, de acordo com imagens da TV alemã, esperam atrás de um alambrado até que policiais e servidores municipais, com máscara e luvas, lhes entreguem comida. O grupo dono do frigorífico fechado tem faturamento anual de ¤ 6,6 bilhões (R$ 37,5 bilhões), dos quais metade em exportações. Houve um pedido de afastamento do dono da empresa.

O surgimento de vários focos de contaminação em matadouros na Alemanha - e também na França - reativou o debate sobre as condições de trabalho nesses estabelecimentos, que são frequentemente denunciados por associações de proteção ao meio ambiente.

Segundo o Instituto Robert Koch, responsável pela prevenção e pelo controle de doenças na Alemanha, a contaminação dos trabalhadores pode ser explicada pelas partículas de vírus que permaneceriam suspensas no ar por mais tempo em um ambiente mais frio.

Lothar Wieler, chefe do instituto, afirmou não descartar a possibilidade de uma segunda onda de contaminação no país, mas disse estar "otimista" e considerou que a situação atual pode ser contornada. Ele disse que a boa ventilação é um fator importante para ajudar a reduzir o risco de transmissão do vírus. "Temos de continuar tendo cuidado", disse Wieler. "Se dermos uma chance para que o vírus se dissemine, ele se disseminará, como podemos ver nos eventos atuais de surto."

Após uma média de 350 novos casos diários terem sido registrados nas últimas semanas, os números da doença cresceram na Alemanha desde a semana passada, de acordo com Wieler. Na segunda-feira, foram 540 novas infecções e ontem, 503.

Revés político

O retorno ao confinamento, mesmo que parcial e local, representa um grande revés para Laschet, que há semanas apoia o relaxamento das medidas como forma de revitalizar a economia.

Antes disso, ele já havia sido muito criticado por ter acusado trabalhadores romenos e búlgaros de serem os causadores do surto de contaminação, depois de viajar para seus países de origem. Laschet é visto como possível sucessor de Merkel e candidato à liderança de seu partido, a CDU, em dezembro. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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