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Irã rejeita entregar caixas-pretas de avião da Ucrânia

09 jan 2020 às 07:56
Por: Estadão Conteúdo

A tensão entre EUA e Irã vai dificultar as investigações do acidente com o Boeing 737 que caiu nesta quarta-feira, 8, em Teerã. Todos os 176 ocupantes da aeronave da Ukraine International Airlines, que seguia para Kiev, morreram no acidente, que ocorreu logo após a decolagem do aeroporto internacional da capital iraniana.

O Irã disse na quarta que não entregará as caixas-pretas à americana Boeing, fabricante do avião, segundo a agência de notícias iraniana Mehr. O aviso indica que o governo também não deve colaborar com outras autoridades dos EUA, como o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês). O chefe da Organização de Aviação Civil do Irã, Ali Abedzadeh, disse que não está claro qual país analisará as caixas-pretas do Boeing 737-800.

Pouco depois da queda, a embaixada ucraniana em Teerã atribuiu o acidente a uma "pane em um motor da aeronave, por razões técnicas", dizendo excluir "a tese de ataque terrorista". Depois, removeu o trecho do comunicado.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, pediu a todos que "se abstenham de especular" sobre a queda. Ele interrompeu suas férias em Omã, ordenou uma investigação do acidente e a inspeção de toda a frota aérea civil ucraniana. Já o chanceler Vadym Prystaiko disse que Ucrânia e Irã concordaram em "coordenar as investigação para determinar a causa do acidente".

Segundo autoridades da Ucrânia, o avião levava 82 iranianos, 63 canadenses, 10 suecos, 4 afegãos e 3 britânicos. Outros 11 eram ucranianos, incluindo os 9 tripulantes. O Canadá abriga uma grande diáspora iraniana. Na quarta, o premiê canadense, Justin Trudeau, pediu uma "investigação profunda".

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A empresa aérea informou que o Boeing 737 foi construído em 2016 e tinha passado por uma revisão técnica dois dias antes. "Era um dos nossos melhores aviões, com uma tripulação excelente e segura", declarou o presidente da empresa, Ievguen Dykhne.

Acidentes anteriores envolvendo a Boeing obrigaram países rivais dos EUA a deixar de lado ressentimentos e permitir que especialistas americanos tivessem acesso aos locais dos acidentes. Na maioria dos casos, esses governos não tinham capacidade ou experiência para conduzir as investigações complexas sozinhos. Mas, em meio às hostilidades entre rã e EUA, qualquer entendimento parece estar longe.

Horas antes do acidente, o Irã havia lançado mísseis contra bases militares dos EUA no Iraque, em retaliação pela morte do general Qassim Suleimani, ordenada pelo presidente Donald Trump.

Também ainda não está claro se o NTSB, outras agências reguladoras de aviação dos EUA ou a Boeing estariam dispostos a endossar uma investigação iraniana, mesmo que a apuração fosse solicitada por autoridades do Irã.

A norma em casos de acidentes aéreos, segundo o Anexo 13 da Convenção sobre Aviação Civil Internacional, é que o Estado onde ocorre um acidente é responsável pelas investigações, mesmo que o NTSB possa "designar um representante credenciado dos EUA e nomear consultores para cumprir procedimentos e recomendações de segurança a partir do Estado de ocorrência". O Irã ratificou essa convenção em 1950.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse nesta quarta que o governo americano pediu uma cooperação total com qualquer investigação sobre a causa da queda. Pompeo afirmou, em comunicado, que os EUA estão preparados para oferecer à Ucrânia toda a assistência possível.

"Estamos prontos para prestar (nossa) assistência", disse um porta-voz da Boeing, rejeitando dizer se, em razão do embargo dos EUA, os funcionários do grupo seriam autorizados a viajar para Teerã. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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