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Vírus facilita avanço do autoritarismo, mas expõe fragilidade dos populistas

28 jun 2020 às 07:34
Por: Estadão Conteúdo

O impacto de uma pandemia que já infectou 10 milhões de pessoas e exigiu respostas rápidas de governos ao redor do mundo permitiu o avanço de agendas autoritárias de líderes que se aproveitaram da crise para ampliar o próprio poder. Mas, segundo especialistas, o vírus também expôs as fraquezas de vários regimes populistas.

De acordo com especialistas, a ausência de uma resposta padrão torna mais difícil prever como os populistas sairão da crise. Alguns, como Donald Trump, nos EUA, Andrés Manuel López Obrador, no México, e Jair Bolsonaro, no Brasil, preferem o negacionismo. Outros, como Viktor Orbán, premiê da Hungria, e Narendra Modi, da Índia, impuseram e rígidas medidas de restrição, estratégicas também para dificultar protestos, desmobilizar a oposição e demonstrar força.

Professora de política comparada da Universidade de Reading, no Reino Unido, Daphne Halikiopoulou diz ser "possível e provável" que uma mesma crise fortaleça alguns líderes populistas e enfraqueça outros. "Em circunstâncias que envolvem instituições frágeis, os líderes têm maiores chances de se aproveitarem disso, como historicamente tem acontecido."

A capacidade de partidos e líderes de capitalizar a crise é um fator determinante. "O fechamento das fronteiras, o fortalecimento do nacionalismo e a crise econômica, por exemplo, são oportunidades para a extrema direita", diz.

Nos EUA, Trump recusou-se a ouvir especialistas por dois meses. Bolsonaro demitiu dois ministros da Saúde e foi à TV repetidas vezes pedir o fim da quarentena. No Reino Unido, o primeiro-ministro, Boris Johnson, tentou evitar o isolamento, buscando inicialmente a estratégia de "imunidade de rebanho" - rapidamente abandonada pelo caminho. No México, Obrador publicou mensagens dizendo que o vírus não era grave.

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As declarações encontraram eco em parcelas da população. "A desconfiança na elite política tradicional se espalhou para outros tipos de autoridades, incluindo especialistas", diz Adina Trunk, do Instituto pela Democracia e Assistência Eleitoral (Idea), da Suécia. "Campanhas de desinformação, câmaras de eco e notícias manipuladas aumentaram ainda mais o ceticismo, criando versões confusas, divergentes e muitas vezes opostas da verdade, dificultando a distinção entre especialistas reais e autoproclamados."

Esse embate extrapolou fronteiras e atingiu a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a União Europeia, que foram contestadas por suas ações durante a pandemia. "Os populistas não gostam de ser constrangidos por instituições internacionais e não acreditam no multilateralismo", lembra Trunk.

Coautora de um artigo intitulado Traga de volta os especialistas - como a crise do coronavírus pode ajudar a conter o populismo, Trunk acredita que o embate será determinante para o futuro do populismo. O texto, também assinado por Simone Bunse, diz que até líderes que resistiam aos fatos recorreram aos experts, citando exemplos de Johnson e Trump, que adotaram medidas mais rígidas após a publicação de estudos do Imperial College de Londres.

Para o professor da Universidade da Georgia e autor do livro The Far Right Today, Cas Mudde, a prova de fogo para os populistas está no campo da imprensa. Ele cita o exemplo da Hungria, onde Orbán controla a mídia estatal e privada. "Em países assim, apenas as mídias sociais podem expressar críticas, mas elas atingem apenas uma pequena parte da população."

Para Trunk, dependendo de como a crise for gerenciada, líderes eleitos podem não obter um novo mandato. Outros devem tentar culpar a China, a OMS e países vizinhos - para manter o poder. "O timing das eleições será importante: quanto mais recente e aguda a crise for sentida durante a eleição, mais difícil será se livrar da culpa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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