Patrimônio histórico e cultural do Paraná, a Estrada da Graciosa (PR-410) completa em 2023 um século e meio de construção. Seus aspectos culturais e naturais lhe conferem valor imaterial, tanto pela importância na cultura local dos municípios de Antonina, Morretes e Quatro Barras, quanto pela contribuição econômica para a história do Paraná. Inaugurada oficialmente em 1873, a Graciosa tem uma história que precede a chegada dos primeiros colonizadores ao Paraná.
O trecho paranaense da Serra do Mar abriga as maiores elevações do centro-sul do Brasil, como o Pico do Paraná e seus 1.992 metros de altitude. Popularmente conhecida como Cordilheira da Marinha, essa cadeia montanhosa foi o grande obstáculo entre o Litoral e o planalto paranaense. Há mais de 350 anos, os indígenas utilizavam diversas trilhas para cruzar a Serra do Mar. Esses caminhos na Mata Atlântica eram usados em tempos de colheita do pinhão. A Graciosa era uma dessas trilhas, embora ainda não tivesse esse nome.
No século XVII, colonizadores e jesuítas se estabeleceram no Paraná e o então chamado Caminho da Graciosa tornou-se uma via essencial para o transporte de insumos e mercadorias entre Curitiba e as cidades litorâneas. A estrada era uma popular rota de tropeiros e foi considerada o caminho mais seguro para o transporte de cargas pesadas. Ainda assim, a Estrada Graciosa era um caminho estreito e grosseiro, calçado em um dos relevos mais hostis do Brasil.
Somente em 1854, após a emancipação da Província do Paraná, o imperador Dom Pedro II autorizou a construção de uma estrada estadual ligando Curitiba a Antonina. O Caminho da Graciosa serviu de guia para a nova obra que tornaria a via carroçável, concluída em 1873.