Está marcado para esta quinta-feira (17), às 9 horas, o julgamento de Marcos José Bisterso, acusado pelo feminicídio de Elaine Cristina de Brito. O Néias - Observatório de Feminicídios realizará um ato público em frente a o Fórum Criminal, em Londrina, a partir das 11h30.
A transmissão do julgamento acontecerá ao vivo pelo Youtube, no canal do Tribunal de Justiça do PR: https://www.youtube.com/c/TribunaldoJ%C3%BAriTJPR
Elaine Cristina de Brito, 44 anos, mãe de quatro filhos, foi encontrada morta na casa onde convivia com Marcos no dia 3 de fevereiro de 2019. O réu é acusado de feminicídio por meio cruel e também por fraude processual, mas nega todas as acusações, alegando que Elaine cometeu suicídio.
As investigações do processo indicam que Marcos teria estrangulado Elaine com uma corda, o que provocou a morte por asfixia mecânica. Ainda de acordo com as investigações, Marcos teria alterado a cena do crime com o intuito de simular o suicídio da vítima por enforcamento.
Elaine vivia em uma ocupação de fundo de vale, na zona norte de Londrina. Segundo o réu, o casal teria se conhecido aproximadamente 15 dias antes dos fatos. Vizinhos confirmaram que os dois estavam morando juntos e existiam brigas entre o casal.
As previsões da Lei Maria da Penha e da lei do feminicídio não definem um prazo mínimo de uma relação ou obrigatoriedade de coabitação para configurar violência contra a mulher motivada pela existência de relacionamento íntimo. Por isso, o Ministério Público denunciou o réu por dois crimes: o de feminicídio, com qualificadora de meio cruel; e fraude processual, por ter alterado a cena do crime para simular que a vítima teria se suicidado.
“Esse caso expõe, mais uma vez, o caráter estrutural da violência contra a mulher e a força do patriarcado racializado na formação das disposições individuais. Lamentavelmente, e possivelmente em virtude do status social da vítima, as investigações não aprofundaram a busca de explicações sobre a motivação do crime, como caso concreto. Ainda assim, podemos inferir que, mesmo em um relacionamento de quinze dias, nessa sociedade machista e patriarcal, é tempo suficiente para que um homem se julgue com o poder de vida e morte sobre uma mulher. A condição social de ser mulher é o que explica a morte de Elaine”, avaliam as Néias.