Nesta segunda-feira (4), Aaron Delece Dantas, de 23 anos, prestou depoimento à Polícia Civil e teve a prisão convertida em preventiva. Ele é acusado de matar a facadas Júlia Beatriz Garbossi Silva, de 23 anos, aluna do curso de Ciências Sociais da UEL, e Daniel Takashi Suzuki Sugahara, e ainda de ferir gravemente outra mulher, que não teve o nome divulgado, e também prestou depoimento nesta segunda.
A jovem contou estava dormindo com o namorado, Daniel, quando foi acordada pelos golpes de faca. Julia, que era amiga dela e também morava na casa, foi até o quarto e acabou sendo morta, junto com o namorado da amiga.
A garota relatou ainda que foi algemada, amarrada e permaneceu assim por duas horas com o autor do crime, até que conseguiu convencê-lo a levá-la até a UPA do Jardim Sabará. “Ela o convenceu de que podiam ir até o hospital, que ela não ia dizer nada, ia dizer que foi um assalto. Foi acionado um motorista de aplicativo, e eles contaram essa história, mas quando chegou na UPA, quando ela ficou sozinha com os médicos, ela relatou que estava sendo vítima”, contou o delegado João Reis.
O autor do crime é ex colega de trabalho da jovem. Eles teriam se conhecido há um ano, e Aaron seria obcecado pela estudante, que nunca teve interesse em manter relacionamento com o rapaz, como afirmou o delegado: “Naquela época tiveram relação de amizade, porém ela percebeu que esse indivíduo estava interessado nela. Só que ela deixou bem claro pra ele que não tinha interesse que não fosse amizade.”
Imagens de câmeras de segurança mostram a movimentação na casa momentos antes do crime, em que a vítima recebe visita de várias amigas e flagra o autor vigiando a casa.
A Polícia Civil foi ao local do crime, e encontrou elementos que confirmam a versão relatada pela vítima. “Se confirmar essa perseguição, pode caracterizar sim uma tentativa de feminicídio contra ela e a questão do homicídio contra os demais”, completou.
Outras testemunhas devem ser ouvidas e o celular do rapaz deve passar por análise. A Delegacia de Homicídios terá dez dias para concluir o inquérito.
O Néias, Observatório de Feminicídios Londrina, emitiu uma nota lamentando o caso e aproveitou a comunicação para esclarecer “que a Lei do Feminicídio (13.104/2015) não restringe sua aplicação a crimes nos quais há relacionamento íntimo prévio entre vítima e autor, mas àqueles nos quais há menosprezo pela condição "do sexo feminino". Aplicando-se ao caso em questão, uma vez que o autor dos fatos agiu motivado pelo sentimento de posse da vítima sobrevivente.”