Representantes do Conselho Tutelar de Ibiporã foram ouvidos sobre o caso da mulher agredida pelo ex-companheiro na frente dos filhos, na última segunda-feira (9). Segundo o delegado Vitor Dutra, além das crianças terem presenciado a agressão, o acusado alega que tem a guarda da filha menor e que a mãe não a teria devolvido.
“Na prática, a posse da criança estava com ele e ela não teria devolvido a criança. Existe também um acompanhamento psicológico para escuta especializada a essas crianças, para que não haja nenhum prejuízo para elas durante a investigação, porque elas já presenciaram um crime tão grave”, disse o delegado.
A mulher também seria ouvida nesta quinta-feira pelo delegado, mas não compareceu. A expectativa é de que ela preste o depoimento na sexta-feira (13), acompanhada de um psicólogo que oferece uma escuta especializada, evitando que ela passe por uma revitimização após a violência sofrida.
Ainda nesta quinta-feira, novas imagens foram divulgadas com os áudios durante a agressão. Nos registros é possível ouvir os gritos desesperados tanto da vítima quanto das crianças, de seis e 10 anos. “Olha as crianças, Roberto! Olha as crianças!”, disse ela. O homem, por sua vez, proferiu ameaças. "Eu vou matar você. De quem é esse carro aqui na frente? Eu vou matar vocês dois”, falou.
Segundo a vítima, os dois foram casados por 13 anos e o relacionamento terminou em 2019. Foi nesse ano que saiu uma medida protetiva contra o homem. A mulher afirmou que registrou mais de 20 boletins de ocorrência por agressões sofridas ao longo dos anos. Juntos, eles tiveram três filhos. Dois possuem guarda compartilhada. Apenas a caçula, de cinco anos, vive atualmente com a mulher.
De acordo com a vítima, as agressões teriam sido motivadas pelo fato de ele não possuir guarda compartilhada da filha e ter ciúmes do atual namorado dela. “Ele não aceita o término e eu não posso viver minha vida. Eu não sou obrigada a ficar apanhando”, exclamou a mulher.
Já segundo o ex-companheiro, Roberto Aparecido Pacheco, a vítima não o deixava ter contato com a filha. “Liguei para ela e disse que queria falar com ela. Disse que queria a chave da casa e a Sofia, porque ela não pode pegar a menina de mim. Ela falou ‘você é bem homem, você vem aqui e tira, que eu vou chamar a polícia’. Eu fui e ela me chamou de corno e na hora eu perdi a cabeça e aconteceu o que aconteceu”, afirmou.
Segundo ele, a violência aconteceu porque a mulher o teria provocado. “Eu me arrependo, não deveria ter feito isso porque não é do meu perfil. Só que ela é uma pessoa que tira qualquer um do sério. Eu sinto vergonha dos meus filhos porque tenho que ser exemplo pra eles. Eu tenho consciência do que eu fiz e acho que a justiça, da mesma forma que funciona pra mim tem que funcionar pra ela também, porque só ocasionou esse problema devido ao que ela fez. Se ela não tivesse feito nada, não teria acontecido nada e tava tudo certo”, disse.