José Laurentino da Silva Primo foi condenado, nesta quarta-feira (23), a 12 anos e 6 meses de reclusão e 7 meses de detenção pela tentativa de homicídio duplamente qualificado de Vanessa Cristiane Batista Gomes e pelo crime de lesão corporal contra sua ex-sogra, Cenira Batista Gomes. O julgamento não contou com as presenças das vítimas e nem do réu, agora condenado.
A sentença chegou 11 anos após os crimes. As duas mulheres foram atacadas por José Laurentino em 6 de outubro de 2010, com uma garrafa quebrada. Segundo o Observatório de Feminicídios Londrina – Néias, Vanessa e Cenira não foram encontradas para receberem as intimações para o júri. Os jurados puderam ouvir as vítimas em depoimentos gravados em 2018.
Ainda de acordo com o Néias, a ausência das vítimas foi apontada como "falta de interesse" pela defesa do acusado, que também tratou de desqualificar tanto as lesões sofridas quanto a violência existente no relacionamento de Vanessa com José Laurentino. Chegou a suplicar pela absolvição diante da ausência das partes interessadas e da "necessidade" do acusado de seguir sua vida com a nova família.
Já a acusação reforçou a tese de uma sociedade machista, que ameniza a violência contra as mulheres para que homens possam seguir suas vidas em paz. Os jurados - cinco mulheres e dois homens - tiveram esse entendimento ao reconhecer que os danos psicológicos de uma tentativa de homicídio e de uma lesão corporal.
O Néias vê a condenação como uma resposta adequada à violência de gênero contra as mulheres e clama por mais celeridade nos trâmites dos processos, para que Vanessas e Ceniras não precisem se esconder por décadas para se sentirem sob proteção.
(Com assessoria)