O irmão e a cunhada de Lígia Fernandes Silva, que foi morta dentro da paróquia São Luiz Gonzaga, na avenida São João, na semana passada, foram até o 5º Batalhão da Polícia Militar na manhã desta segunda-feira (11) para agradecer a ação rápida do serviço de inteligência na solução do feminicídio.
Para os familiares, se o criminoso não tivesse sido preso, ele estaria ameaçando a todos e continuaria no mundo do crime. "Eu queria agradecer o bom trabalho da polícia, porque se não fossem eles, não se sabe quanto tempo ele iria viver solto por aí. Se ele atirou em um aqui, a vida dele com certeza seria bandida", disse Júlio Cesár Silva, irmão de Lígia.
Lígia, de 44 anos, foi assassinada com cinco tiros na região da cabeça enquanto almoçava. Ela cobria férias como zeladora no local. Desde o início, o ex-marido era o principal suspeito do crime. Ele estaria inconformado com o fim do relacionamento.
Segundo o irmão da vítima, o relacionamento de Lígia era problemático. No passado, ela chegou a registrar boletim de ocorrência contra o ex-marido por agressão, mas retirou a denúncia dois dias depois. Segundo o irmão, a retirada da denúncia se deu por conta de ameaças. "Ele dizia que se ela não retirasse a queixa, ele mataria minha mãe. Ela só retirou por causa disso", declarou.
Júlio também contou que não falava com a irmã há um tempo. "Eu não aceitava a situação, mas realmente eu não sabia que estava nesse pé. Se eu soubesse, com certeza eu teria procurado a polícia. Só fiquei sabendo de tudo isso agora porque ela abriu para a minha mãe sobre o porquê de tanto sofrimento e porque ela voltava com ele", afirmou.
Júlio relatou que sua mãe não compareceu ao agradecimento à PM porque ainda está muito abalada. Pouco tempo antes de perder Lígia, ela havia perdido outra filha para a covid-19.
Os PMs do serviço de inteligência que participaram da investigação também receberam uma homenagem formal do comando. Eles não puderam ser identificados por razões de segurança.
O criminoso, Everton Schefa, segue preso no estado de São Paulo. Ele foi detido na última quinta-feira (7) por policiais rodoviários após acompanhamento tático. Segundo o comandante do 5º BPM, o tenente coronel Nelson Villa, a prisão do suspeito partiu de uma investigação integrada da polícia. "Nós tivemos informações de Ponta Grossa a respeito do carro que o criminoso estava e qual o sentido que ele estava trafegando. Com base nisso, sabendo que ele havia entrado no estado de São Paulo, conseguimos imagens do veículo em um posto. Passamos para a Polícia Militar Rodoviária do estado de São Paulo, que tão logo constatou o veículo, passou a fazer o acompanhamento. Esse acompanhamento durou um tempo, até que o carro se acidentou", contou.
Na abordagem do suspeito, foi encontrada a arma utilizada no crime. Em um primeiro momento, ele foi detido por porte ilegal de armas. "Ainda não tínhamos conhecimento a respeito da expedição do mandado de prisão pelo feminicídio praticado na semana passada, mas quando a polícia de lá foi fazer a consulta no sistema, constatou que o mandado havia acabado de entrar em vigência e portanto emitiu também voz de prisão", contou Villa.