A Frente Trans de Londrina promove, nesta sexta-feira (11), a partir das 9 horas, uma vigília em frente ao Fórum da Comarca de Londrina pedindo justiça por Scarlety Mastroiany, assassinada na madrugada de 10 de dezembro de 2018 enquanto trabalhava na Avenida Leste Oeste. A travesti foi atacada por três homens com socos, chutes e golpes de arma branca, junto com sua amiga Bianca Duarte, sobrevivente das agressões. Um dos réus, José Mauro Lopes da Silva, encontra-se preso e vai a júri popular nesta sexta-feira.
Os outros dois acusados - Anderson Aparecido dos Santos e Kenny Rogers Fioravante Pereira - entraram com recurso à sentença de pronúncia do Ministério Público e aguardam em liberdade. Néias-Observatório de Feminicídios Londrina soma-se à Frente Trans na manifestação.
No entendimento da organização, assassinatos de mulheres transexuais e travestis enquadram-se como feminicídios, a partir do previsto no inciso 2o do artigo VI da Lei que criou a qualificadora (13.104/15). No referido inciso prevê-se como feminicídios assassinatos cometidos por "II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher." Autoridades policiais e judiciais, no entanto, não têm partido desta leitura e esses assassinatos acabam classificados como homicídios.
No caso de Scarlety, os réus, presos em flagrante na mesma data do crime, foram indiciados por homicídio qualificado com motivo torpe, "uma vez que agiram em razão do ódio e preconceito que sentiam pelas vítimas por serem travestis e realizarem programas sexuais", detalha a sentença de pronúncia do MP. No decorrer do processo, dois deles foram soltos.
A Frente Trans critica a morosidade da justiça. "Estamos cansades de ver corpas travestis caindo ao chão por preconceito e falta de oportunidade, sem direito à justiça, sem direito a uma vida digna".
Segundo o grupo, o Brasil segue como o país do mundo que mais mata pessoas transexuais, de acordo com o levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Apenas em 2021, foram computadas 140 mortes.