Todos os locais
Todos os locais

Selecione a região

Instagram Londrina
Instagram Cascavel
Política

'Presença de militares no governo torna política menos transparente'

07 jul 2020 às 07:42
Por: Estadão Conteúdo

O cientista político Octavio Amorim Neto, da Fundação Getúlio Vargas, avalia que, com a decisão do presidente Jair Bolsonaro de envolver um grande número de militares no seu governo, estabeleceu-se "ambiguidade enorme em relação ao lugar das Forças Armadas" na política. O processo, analisa, enfraquece o controle civil sobre as corporações, torna menos transparente a política de um regime democrático e é prejudicial aos fardados.

O senhor manifestou preocupação com o papel dos militares na democracia no pós-Bolsonaro. Que preocupação é essa?

A preocupação diz respeito ao fato de a presença massiva de militares no governo não ser boa nem para a democracia nem para as Forças Armadas. Não é boa para a democracia porque erode o controle civil sobre os militares. É preciso que os militares tenham seu poder político circunscrito à sua área de atuação profissional, isto é, à defesa nacional. Quando o poder dos militares se expande para além dessa área, a capacidade que os civis têm de controlar os militares se reduz. E colocar os militares no centro da arena política significa colocar representantes de uma instituição opaca e radicalmente vertical no centro de um regime político que se fundamenta no oposto, isto é, na transparência e em relações horizontais, que são características essenciais do Legislativo e dos partidos políticos. Faz sentido que, num regime democrático, as opiniões do Alto Comando do Exército a respeito de decisões do Supremo e do Congresso sejam um fator-chave da dinâmica política do país? Não. Estabeleceu-se uma ambiguidade enorme em relação ao lugar das Forças Armadas na ordem política que enfraquece o controle civil sobre os militares e torna muito menos transparente a política de um regime democrático.

Mais de 35 anos após o fim do regime militar, ainda cabe discutir o papel das Forças Armadas?

Com a ascensão de Bolsonaro à Presidência e o retorno dos militares ao centro da vida política, é fundamental que se discuta intensamente o papel das Forças Armadas. Queremos Forças Armadas voltadas para seu métier profissional e que sejam um instrumento vital da defesa nacional ou queremos uma mistura de gendarmaria com guarda pretoriana?

Bolsonaro repolitizou as Forças ao nomear militares para postos civis e lotar o Ministério com militares?

Sim. Seu objetivo é associar as Forças ao seu governo, de modo a dissuadir o Congresso de destituí-lo, ter quadros leais à sua liderança e beneficiar-se da boa imagem que as Forças Armadas têm aos olhos da opinião pública. Do ponto de vista de um presidente radical em minoria no Congresso e que governa para minorias, esse esforço de Bolsonaro faz sentido. Porém, é péssimo para a democracia e para as Forças Armadas.

O que fazer com o Artigo 142 da Constituição, que permite leituras como a de que é legal militares darem golpe?

Subscrevo a proposta do historiador José Murilo de Carvalho: eliminar cinco palavras - "à garantia dos poderes constitucionais" - do Artigo 142 da Constituição. A remoção dessas palavras acabaria com divergências sobre a interpretação do papel constitucional das Forças Armadas.

Outras notícias

Acusados de tentar explodir bomba em aeroporto se tornam réus no STF

STF confirma benefício para mulheres vítimas de violência

Laudo da PF confirma que Bolsonaro usou solda para romper tornozeleira

Os militares vão retornar aos quartéis ou vão permanecer na política?

Depende de quem vier a suceder-lhe (Bolsonaro). É fundamental que, na próxima eleição presidencial, os candidatos mais competitivos discutam amplamente o papel das Forças Armadas. O retorno dos militares aos quartéis tem de ser uma promessa do candidato vitorioso, de modo que tenha capital político suficiente para a dura tarefa que será o restabelecimento do controle dos militares pelos civis.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Veja também

Relacionadas

Política
Imagem de destaque

Bolsonaro pede autorização para fazer fisioterapia na prisão

Política
Imagem de destaque

Senado aprova PL que reduz pena de Bolsonaro por tentativa de golpe

Política

Malafaia critica indicação de Flávio Bolsonaro à Presidência: “Não cola”

Política

Se UE não fechar agora acordo com Mercosul, Brasil não fará mais, diz Lula

Mais Lidas

Cidade
Londrina e região

Pai e filho estão entre os mortos em confronto com a Polícia Militar em Londrina

Cidade
Londrina e região

Mãe de jovem morto no Cafezal desabafa após suspeito de homicídio ser liberado

Cidade
Londrina e região

Pastor de 50 anos morre em acidente de carro em Bela Vista do Paraíso

Cidade
Londrina e região

Cinco suspeitos morrem em confronto com a Polícia Militar na zona leste de Londrina

Cidade
Londrina e região

Alerta na Gleba Palhano: ataque de pitbull mobiliza moradores e CMTU em Londrina

Podcasts

Podcast Café Com Edu Granado | EP 43 | Disciplina e Superação | Junior Zampar

Podcast Falando de Gestão | EP 41 | ALCAL | Charles Feldhaus e Maria Angélica Constantino

Podcast Fala Advocacia | EP 1 | A Gestão da OAB Paraná e Londrina

Tarobá © 2024 - Todos os direitos reservados.