Cada vez mais, a tecnologia tem se tornado uma ferramenta para facilitar o dia a dia dos seres humanos. Biometria, cartão de banco em formato digital, confirmação em dois passos e outras inovações tornam os procedimentos mais seguros e rápidos.
Dando um passo além, a França planeja se tornar o primeiro país europeu a usar o reconhecimento facial para substituir documentos físicos. A identidade virtual dará para os cidadãos acesso a documentos como impostos, contas bancárias e Previdência.
O reconhecimento facial será realizado por meio do Alicem, um aplicativo para smartphone, inicialmente exclusivo para Android, que contará com o brasão da República Francesa no logo. De acordo com a Bloomberg, o governo já aprovou a medida, que deve ser implementada ainda em 2019.
O lado polêmico
Ainda que a proposta, teoricamente, melhore a segurança, ela será implementada em âmbito nacional, exigindo que todos os cidadãos franceses façam parte do serviço, para que a autenticação e o acesso aos documentos seja possível, sem que a população tenha outra opção. Para o regulador de dados da França, o programa quebra a regra europeia de consentimento.
Cingapura é outro país que já aderiu ao reconhecimento facial como identidade, tendo feito, inclusive, um acordo com o Reino Unido para ajudar a região europeia a implementar a tecnologia em seu território. Entretanto, diferentemente de Cingapura e China, outro país que utiliza uma ferramenta similar, o governo da França alegou que o registro facial coletado não será adicionado aos bancos de dados dos cidadãos, teoricamente evitando que as informações sejam utilizadas pelo governo ou por terceiros para outros fins. Os desenvolvedores do aplicativo alegam, inclusive, que o reconhecimento registrado será apagado logo após o processo de autenticação do usuário.
A segurança do aplicativo também é outra questão colocada em pauta, já que no início de 2019 um sistema de mensagens do governo francês foi invadido por uma hacker, que demorou menos de uma hora para quebrar as barreiras de segurança do aplicativo -- que era, supostamente, muito seguro. A situação dá combustível para a desconfiança quanto à capacidade da França em manter seguras as informações da população.
Outro problema no projeto é a impossibilidade de utilizar o aplicativo em celulares com outro sistema operacional, como o iPhone, fazendo com que o cidadão desse modelo precise adquirir um outro celular compatível com o aplicativo de reconhecimento facial para poder ter acesso a vários serviços.