O Natal é, para muitos, um período de festas e união, mas para outros, a data pode ser um gatilho para a tristeza e a reflexão sobre ausências. A psicóloga Mariana Finco trouxe uma visão acolhedora sobre como lidar com a intensidade emocional desta época, introduzindo conceitos como a ressignificação e o "detox" digital.
Segundo Mariana, datas comemorativas refletem as nossas histórias, perdas e dificuldades da infância. A "cadeira vazia" à mesa de Natal costuma pesar muito, e a pressão social para estar feliz nem sempre condiz com a realidade de cada um. "A sociedade vende que precisamos de estar felizes, mas nem todos têm uma família onde impera a paz e a harmonia", explica a psicóloga.
Ressignificar, para a especialista, não é mudar a situação dolorosa, mas sim escolher como olhar para ela. Mariana afirma que a dor pode ter uma "beleza" no sentido do aprendizado e da lapidação do ser humano. A frase que utiliza com os seus pacientes é emblemática: "Vai com o que tens". Se a vida não está como gostarias, valoriza o que ainda resta, seja a saúde, um amigo ou um animal de estimação, e utiliza isso como base para te fortalecer.
A psicóloga alertou para o "perigo" das redes sociais nesta época. Ao consumirmos recortes de felicidade alheia, tendemos a comparar a nossa dor com a abundância do outro. A recomendação é fazer um "detox" digital para evitar que o sentimento de insuficiência aumente.
Mariana esclarece que é possível estar sozinho e ser feliz, mas é preciso estar atento aos sinais de isolamento extremo, especialmente se acompanhado de exaustão social, o que pode indicar um quadro depressivo. Por outro lado, para quem está bem, a data é uma oportunidade de praticar o acolhimento: "Talvez não consigas tirar o problema da outra pessoa, mas podes oferecer o teu acolhimento com um gesto simples, como um recado ou uma sobremesa".
A mensagem final para 2026 é de resiliência: abastecer-se do que é positivo no presente para ter forças para construir o que se deseja no futuro.