A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) cassou de forma definitiva a autorização de funcionamento da companhia aérea VoePass, encerrando oficialmente as operações da empresa. A medida ocorre após a identificação de falhas graves e persistentes nos sistemas de análise e supervisão continuada da companhia, inclusive em procedimentos de manutenção obrigatórios.
A decisão vem pouco antes da tragédia completar um ano. Em 9 de agosto de 2024, um avião da empresa que decolou de Cascavel caiu em Vinhedo (SP), matando 62 pessoas a bordo. Desde março deste ano, as operações da companhia já estavam suspensas. Agora, com a cassação, a VoePass perde o direito de recorrer, tornando o encerramento definitivo.
Durante uma operação assistida instaurada após o acidente, a ANAC constatou que a empresa deixou de executar itens de manutenção obrigatória em diversas aeronaves da frota. Mesmo após alertas e correções iniciais, os erros se repetiram, evidenciando a perda de confiabilidade dos mecanismos internos da companhia para detectar e corrigir falhas. Além disso, a agência aplicou multas que somam R$ 570,4 mil.
Segundo a ANAC, a estrutura da VoePass deixou de oferecer garantias mínimas de segurança, apresentando desvio nos procedimentos de manutenção estabelecidos. A agência frisou que determinadas manutenções, se não realizadas corretamente, podem causar falhas graves durante o voo.
Para as famílias das vítimas do voo 2283, essa é a primeira resposta concreta de justiça. A associação dos familiares destacou que a cassação é resultado direto da união e mobilização de todos os envolvidos, mas lamentou que a medida não tenha sido tomada antes da tragédia.