Vrajamany da Rocha. Você deve se lembrar desse nome. Talvez até mesmo dessa fisionomia. Hoje, um homem de 21 anos. Há exatamente uma década, um menino que viveu uma experiência improvável e perigosa, que mudou o rumo da vida dele.
O momento crucial foi no dia 30 de junho de 2014. Um dia de férias, ensolarado e gostoso para um passeio no zoológico. Vrajamany, que morava em São Paulo, havia vindo com o pai a Cascavel para trazer o irmão mais novo, que residia com a mãe na cidade. A visita ficou registrada por algumas pessoas assustadas com a ousadia do menino, que sob os olhares do pai, havia avançado a grade de proteção e brincava com os felinos. Fez carinho no leão, brincou e passou a mão no tigre. O que aconteceu depois não está gravado, mas virou notícia mundial.
O socorro foi rápido, no limite para garantir a sobrevivência do garoto. O braço, porém, precisou ser amputado. O início da recuperação foi desafiador: muitas dores e adaptações precisaram ser feitas, mas o jovem de mente forte tirou de letra.
Com o tigre nada aconteceu, nunca foi nem cogitada a possibilidade de sacrifício do animal, muito pelo contrário. Para a equipe do zoológico, que preferiu não falar mais sobre o caso, o animal foi uma vítima dessa situação.
Vrajamany não culpa o pai. Assume a responsabilidade do que aconteceu. Ele não vive mais com o pai e nem com a mãe. Mora em Minas Gerais. É empresário, dono da empresa de suplementos Tiger Hu - uma homenagem à sua própria história. E a fama hoje não é apenas por ser conhecido como o menino do tigre, mas pelos títulos que venceu: com a perda do braço, a indicação foi fazer um esporte. A mãe escolheu natação, meio a contragosto do garoto, que com o tempo descobriu uma paixão e um grande talento. O menino do tigre agora é o menino das medalhas, uma promessa do esporte paralímpico brasileiro.
