A qualidade de vida oferecida por uma cidade envolve a sua relação com a arte. Esta foi uma das afirmações feitas pelo professor-doutor de História da Arte, na Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade de São Paulo, e curador de artes plásticas, Agnaldo Farias, durante evento realizado no dia 13 de novembro, em Londrina.
O “Mercado da arte e colecionismo” foi o tema da conversa, que também contou com a participação de Flávia Coelho, fundadora da Inn Gallery e conselheira de cultura na Fiesp.
O encontro, promovido e sediado pela Vectra em parceria com a Real Investor Wealth Management, atraiu estudantes, arquitetos, artistas e empresários interessados no tema.
Na avaliação de Agnaldo Farias, para uma cidade do porte de Londrina, que está em constante crescimento e evolução, a arte é uma pauta muito relevante e não pode ser deixada de lado.
Segundo ele, é fundamental oferecer espaços para que trabalhos artísticos sejam vistos, as músicas escutadas e as danças e teatro apreciados.
“Esse tipo de experiência precisa ser oferecida para as pessoas, e sobretudo para as crianças. Se Londrina abre mão disso, cresce com um problema, uma falha”, opina.
Farias acrescenta que eventos como esse são importantes, pois aproximam as pessoas do universo da arte, que é complexo.
O encontro abordou aspectos culturais, simbólicos e de mercado, também deu indicações sobre a natureza do trabalho artístico e como ele afeta o ser humano.
“A arte nos depura, nos melhora. Uma pintura faz com que você apure a sua visão, assim como uma boa música educa os seus ouvidos e uma boa comida educa o seu paladar.
É importante alimentar o espírito, abrindo-se para as obras de arte. Você sai de um ritmo intenso das tarefas cotidianas e entra em uma outra dinâmica de tempo, um tempo de recolhimento”, detalha.
Flávia Coelho, que trouxe números sobre o mercado — que movimenta cerca de R$ 2,9 bilhões no Brasil —, descrito por ela como opaco, assimétrico e não regulado, tem como uma de suas frentes a conexão do universo corporativo com o mundo da arte e cultura.
“Quando pensamos em público-alvo e posicionamento, a arte é um ativo que traz propósito.
Indiscutivelmente, marcas e empresas precisam olhar a arte de maneira estratégica, não só pensando nos clientes, mas no legado e responsabilidade social”, analisa.
Atenta a esse movimento, a diretora executiva da Vectra, Roberta Costa Alves Nunes Mansano, diz que a empresa tem investido, há alguns anos, no fomento à arte e à cultura, não só em seus empreendimentos, mas também para deixar um legado para Londrina.
Para ela, encontros como esse têm o poder de despertar a sociedade para a relevância da pauta.
“Existe um interesse genuíno do londrinense por cultura e a cidade merece experimentar mais da sensibilidade que só a arte entrega”, destaca.
De acordo com o sócio da Real Investor Wealth Management, Alexandre Mantovani, um dos organizadores do evento, a proposta foi trazer nomes que são referência no mercado da arte no Brasil para falar de um tema que é tão carente hoje em Londrina.
“A ideia era falar de arte de maneira descontraída e como opção de investimento.
Apesar de não existir no Brasil um fundo para isso, as famílias podem criar seus portfólios, desde que bem assessoradas.
E se os artistas tiverem seu valor reconhecido ao longo do tempo, há crescimento patrimonial”, explica.
Para a mentora e palestrante Carla da Rosa, Londrina hoje não está bem servida de arte e é importante que a cidade se movimente para promover mais exposições, peças de teatro, shows.
“A arte nos traz para um ambiente crítico, nos força a pensar, envolve discussão, olhar, sensibilidade.
É um tema muito vivo e atemporal — por mais que você estude e frequente exposições, sempre queremos aprender mais”, comenta.
As fotos da Popins Comunicação mostram mais.