Alguns nomes de lutadoras brasileiras são bastante comuns em termos de UFC. Cris Cyborg, Amanda Nunes e Jéssica ‘Bate-Estaca’ são atletas que já fazem parte da principal organização de Artes Marciais Mistas (MMA) do mundo. Imagino que cada uma delas trilhou um caminho diferente até o UFC. Mas talvez todas tenham passado por dificuldades semelhantes. De fato, a escalada até ter uma possibilidade de ingressar na organização e aparecer diante dos holofotes, mesmo que seja uma luta de um card preliminar, é longa.
A trajetória de qualquer uma das representantes brasileiras no UFC serve de inspiração para qualquer lutadora mais jovem. Quem sonha com esta escalada é a lutadora cascavelense Melissa Gato. Hoje, ela é a primeira colocada no ranking nacional na categoria Galo (até 61 quilos). O aval para o ingresso no UFC pode até vir de uma estrela do octógono: Cris Cyborg.
Melissa Gato fez uma luta de MMA no Nação Cyborg, evento que é da própria Cris Cyborg, em Curitiba. Na ocasião, Melissa derrotou Carol Rosa por finalização. Aliás, as lutas de chão são a especialidade da atleta e o Jiu-Jitsu aflora dentro do octógono. Esta foi a oitava luta de Melissa, que já construiu um histórico invejável. Dois empates e seis vitórias, sendo quatro por finalização. “Eu fiz uma luta agora no Nação Cyborg, evento da campeã do UFC, Cris Cyborg. Foi muito bom lutar lá. Lutei com uma menina bem dura, a Carol Rosa, da PRVT. Ela tinha bastante chance de ganhar, é mais famosa, treina no Rio de Janeiro, e eu consegui impor meu jogo, fazer uma boa luta e finalizar mais uma vez”, relata ela.
Para alcançar o ingresso no UFC, Melissa Gato precisa continuar lutando, literalmente. “Não tenho nenhuma derrota ainda, graças a Deus, e vamos continuar firme rumo a esse sonho que é lutar no UFC”, relata. “O que eu preciso fazer é continuar participando das lutas, continuar invicta, se possível, fazer lutas internacionais e manter esse ritmo”, conta.
Companhia
Não pretendo entrar nos assuntos íntimos de um casal, mas gostaria de saber como é a relação de Melissa Gato com João Paulo Santos. Os dois são casados há três anos. E João, assim como Melissa, é atleta de MMA. Imagino que as conversas do casal durante as refeições tenha algo a ver com lutas. E assistir o UFC é algo que, certamente, fazem juntinhos nas madrugadas de sábado para domingo, quando normalmente acontecem os eventos da organização que são transmitidos ao vivo.
Mas João é um companheiro fiel e faz muito mais do que isso. Como ambos são atletas profissionais, um ajuda o outro nos treinamentos. E como Melissa teve que intensificar a preparação para o Nação Cyborg, João foi determinante para a conquista de mais uma vitória. “É sempre bom contar muito com a ajuda dele. Não só dele como de todos os meus colegas de academia, meu treinador... A gente treina duro, são três treinos por dia, mas um ajudando o outro a gente vai levando”, sintetizou ela.
João fez 17 lutas amadoras e oito como atleta profissional. Ele inclusive já fez uma luta no Imortal FC, quinto maior evento de MMA do Brasil. “A gente sempre busca o melhor para a Melissa. Para nós, essa rotina de casal também é nova. Fazem apenas três anos que a gente mora junto. Busco incentivar ela para não perder o foco, que é essa busca pelo UFC”, disse João.
Mentor e gestor
Marcelo Horikawa é treinador dos dois atletas. É ele quem coordena os trabalhos de Melissa Gato e João Paulo na Academia Spartacus, em Cascavel. O detalhe é que Marcelo faz muito mais do que isso. É também uma espécie de gestor da carreira dos dois lutadores e é quem busca a presença de ambos em eventos de maior notoriedade, como ocorreu com Melissa Gato no Nação Cyborg. Horikawa não vai ‘sossegar’ enquanto não ver sua atleta no octógono do UFC. “Meu trabalho vai muito além do tatame. Questão financeira, questão de lutas. Fizemos um planejamento para o João e a Melissa há mais de seis anos. Eles estão subindo um degrauzinho passo a passo e superando todas as etapas. Agora, estão colhendo os frutos. Esse sonho de lutar no UFC não é só deles como é meu também. Estou ajudando eles nessa busca como treinador, incentivador, e pelo que eu vi ambos estão caminhando para isso”, concluiu Horikawa.