O universo de ‘boleiros’ em Cascavel é gigantesco. De acordo com dados da Liga de Futebol Sete, que tem cerca de 50 times cadastrados, são mais de quatro mil atletas. Estes jogadores disputam as mais variadas competições amadoras e também disputam partidas amistosas por lazer e diversão. Muitos desses jogadores, inclusive, tinham compromissos praticamente todas as noites.
Mas aí veio a pandemia do coronavírus e, por força do decreto municipal, esses confrontos não puderam mais ser realizados. Até aí tudo bem: prevenção em primeiro lugar. O detalhe é que isso afetou diretamente os proprietários dos campos de futebol e campos de grama sintética. Alfeu Antonio Vieira tem quatro campos localizados na Rua Pio XII, que estão fechados desde o dia 20 de março. E o negócio dele depende da prática esportiva. Logo, não está tendo mais renda.
Na manhã desta quinta (30), uma comissão de proprietários destes estabelecimentos se reuniu com o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos. A comissão apresentou um plano para retomar essas atividades esportivas e obedecer as restrições impostas pela pandemia. Agora, o boleiro que quiser praticar futebol terá que incorporar a máscara na indumentária esportiva. “Vai ter que jogar com máscara. Ele é a barreira contra o coronavírus. E com ela você se protege e protege ao outro”, disse Alfeu. “Se os atletas não quiserem jogar com máscara não vai ter jogo”, complementou ele.
Mas essa não é a única medida de prevenção. Além da máscara, há um plano de restrição para os atletas. De acordo com os proprietários, deverão ser feitos apenas duas partidas num mesmo dia, entre às 18h30 e 20h30, sem ferir o toque de recolher, que é de 21 horas. Essas partidas deverão ter um intervalo de 30 minutos entre elas, para que as equipes que forem jogar nos horários distintos não se cruzem. “Um time não pode entrar no local de jogo antes de o outro sair”, explicou Alfeu.
Apenas 14 atletas mascarados serão permitidos dentro de campo (sete para cada time, que é o limite de jogadores para o futebol suíço). Não serão permitidas crianças e pessoas que fazem parte do grupo de risco (idosos com mais de 60 anos).
Antes de entrar no gramado, os jogadores terão que higienizar as mãos com o álcool em gel, que deverá ser fornecido pelos proprietários do campo. Os times também não poderão usar os vestiários para evitar a aglomeração em espaços fechados. Para os times, serão fornecidos coletes higienizados e as bolas de futebol. Além disso, pias com detergentes devem estar à disposição dos jogadores.
Normalmente, os campos de futebol têm um bar onde são comercializadas bebidas e outros itens. Esses ambientes permanecerão fechados, conforme a proposta que foi apresentada ao prefeito. “A conversa com o prefeito foi muito boa. Ele nos ouviu e nos deu uma luz no fim do túnel. Já tínhamos feito toda essa documentação e apresentado ao COE (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública). Dependemos da aprovação para poder abrir os campos”, explicou ele.
Sobre o contato físico no futebol, Alfeu conta com o bom senso dos próprios jogadores. Segundo ele, os jogadores já estão mais cautelosos pois vivenciam as normas de prevenção em suas casas e seus locais de trabalho. “Ninguém vai sair se abraçando dentro de campo. E nem todos vão voltar a jogar nesse primeiro momento. Nossa obrigação será fiscalizar, orientar e ficar em cima dos atletas. Exigir para que eles usem a máscara”, disse ele.