Sei que parece discurso vencido e repetido, mas essa injusta fórmula do Campeonato Paranaense fez novas vítimas. Sei também que, para quem ficou de fora da Taça Dionísio Filho, o primeiro turno do Estadual, não adianta reclamar agora. E sei ainda que a decisão equivocada de adotar essa fórmula de disputa deveria ser questionada no momento de sua concepção. E pelo que tudo indica, teremos um Campeonato Paranaense com as mesmas injustiças em 2019. Dizem que o Campeonato Brasileiro perdeu o seu encanto por não ter mais um jogo decisivo ao seu final. Mas não há como negar que se trata de uma competição justa, em que o melhor time, o mais regular, será premiado como campeão. E que as equipes de pior desempenho serão punidas com o rebaixamento.
Muito interessante a ideia de homenagear ícones do nosso futebol com as duas taças – Dionísio Filho e Caio Júnior. Porém, isso deveria ser feito de maneira que colocasse todos os times nas mesmas condições. Essa fórmula foi adotada no passado pela Federação Gaúcha de Futebol para o Gauchão e foi abolida. Se sustenta apenas no Campeonato Carioca, que tem as taças Guanabara e Rio. Mas a maneira que o futebol carioca é conduzido não serve de modelo para ninguém. A federação local teve que levar a decisão da Taça Guanabara entre Flamengo e Boavista para outro Estado. Volto a repetir: a fórmula da Primeira Taça cria uma situação em que gera um prejuízo para quem teve melhor campanha na fase inicial em detrimento de equipes com pior rendimento. Foi assim com FC Cascavel, Cianorte e Maringá, que viram o Rio Branco avançar com desempenho inferior e ter condições de brigar pelo título.
Deixo claro que não tenho nada contra o Rio Branco de Paranaguá. Tenho que parabenizar o trabalho do Maurílio, que aproveitou a brecha que o regulamento oferece. Mas há de se ressaltar ainda que o mérito do Rio Branco no Campeonato até o momento foi o jogo contra o Atlético-PR. Conseguiu segurar o Furacão dentro da Arena da Baixada e vencer nos pênaltis, o que lhe tornou finalista do primeiro turno. Lembremo-nos que o Rio Branco tem apenas uma vitória na competição. E que Cianorte e Foz do Iguaçu também conseguiram segurar o Atlético-PR dentro da Arena da Baixada, algo que, por esta fórmula, não ajudou em nada as duas equipes.
Para o Furacão, faltou vencer o Rio Branco em casa. O time está invicto, ainda tem a melhor campanha do Estadual, mas terá que buscar a vaga na grande decisão no segundo turno. Nada contra o Rio Branco, repito, mas o Atlético-PR alternativo, de Tiago Nunes, somou o dobro de pontos do Leão da Estradinha na fase inicial.
Outro injustiçado é o Foz do Iguaçu. Time de melhor campanha no Grupo A, que até levou a melhor sobre o Rio Branco em Paranaguá, vai ter que acompanhar a disputa da Taça Dionísio Filho de longe, mesmo ainda invicto na competição.
Outras brechas injustas ainda podem acontecer. Vamos supor que o Rio Branco conquiste o primeiro turno sobre o Coritiba no próximo domingo (25), no Couto Pereira. Ele ainda terá uma campanha inferior aos demais, mas terá vaga garantida na decisão do Estadual. Mesmo que ele tenha 0% de aproveitamento no returno, não poderá ser rebaixado porque será protegido por este regulamento fajuto. Pode até diminuir a disputa pelas vagas da Copa do Brasil e Série D do Campeonato Brasileiro. Como alertei lá atrás, outras equipes de melhor desempenho podem ser duplamente prejudicadas com a sequência do campeonato.
De bom no segundo turno é que a Taça Caio Júnior será bem mais justa. Os times se enfrentam entre si dentro de seus grupos. E aí sim, quem tiver melhor desempenho será premiado.