No automobilismo, é o kart que alicerça todo o trabalho de base dos pilotos. As primeiras aceleradas dos talentos das pistas acontecem quando eles ainda são garotos. Muitos destes futuros astros da velocidade estiveram em Cascavel para a disputa do Campeonato Brasileiro de Kart. A competição reúne cerca de 500 pilotos em diversas categorias e eles estão acelerando desde segunda-feira (15) no traçado cascavelense. Nesta quinta-feira (18) iniciam as competições e no fim de semana serão as provas finais da competição nacional.Nesse evento de tamanha proporção, vemos pilotos das mais variadas idades. Garotinhos acelerando como gente grande. E marmanjões resgatando a infância como se estivessem ‘brincando de carrinho’. Logo, trata-se de um universo predominantemente masculino. Além de pilotos, os mecânicos também ocupam os espaços na preparação dos karts do lado de fora da pista.
Numa dessas andanças, encontramos a piloto Kaká Magno. Ela não é mais uma garotinha. Já tem 31 anos de idade. Me impressionei ao ver uma das poucas mulheres ocupando um espaço importante no universo masculino. Mas fiquei mais impressionado ainda pela experiência de Kaká nas pistas. Ela iniciou aos 15 anos de idade, como piloto de kart. Isso significa que durante a juventude, Kaká trocou as diversões comuns para pessoas dessa idade pelo capacete e pelo cheiro de gasolina. E assim, a piloto já acumula dez anos como profissional das pistas. Kaká, inclusive, já trabalhou com gente graúda no automobilismo nacional e internacional. “Eu já tenho uma certa bagagem no automobilismo. Comecei no kart indoor e a paixão só foi aumentando. Depois eu mudei para os carros de fórmula e corri na Alemanha, a convite do Emerson Fittipaldi (ex-piloto de Fórmula 1) e da Bia Figueiredo (piloto da Stock Car). Representei bem o Brasil lá. Aqui no Brasil tivemos outras histórias importantes. Participei do Mercedes-Benz Challenge (categoria de carros de turismo), depois eu fui para a Fórmula 1600, Fórmula 4 também, e agora eu voltei para o Kart para correr o Brasileiro”, disse.
Como relatou Kaká, tanto o Campeonato Brasileiro de Kart quanto a pista de Cascavel são novidades para ela. “Eu estou muito feliz porque a minha equipe está trabalhando muito e esse é o meu primeiro Campeonato Brasileiro de Kart. Eu estou correndo o Campeonato Paulista de Kart, são dois campeonatos lá, e que serviram de preparação para este Brasileiro. Ainda estamos evoluindo e estamos muito felizes com os resultados”, disse.
O fato de ser minoria no universo masculino das pistas não perturba Kaká Magno. Ela aposta em toda essa experiência internacional para se colocar em condição de igualdade na competição nacional, na categoria Super F4. “Como você disse só tem homem, são poucas mulheres e eu sou uma das únicas. Mas a gente está trabalhando bastante, se dedicando, para ter o melhor resultado no campeonato”, disse.
‘Brutos’
A ousadia de Kaká nas pistas não tem limites. Se em 2019, o foco foi o kart, para 2020, a intenção é guiar máquinas maiores. Bem maiores, diga-se de passagem, com algumas toneladas a mais de peso. Durante o Brasileiro, em Cascavel, ela confidenciou que existem conversas para que ela se torne piloto da Copa Truck. “Isso foi uma conversa que eu tive com um amigo que me ajuda na minha corrida. Estamos fazendo um trabalho para decidir qual é o melhor caminho para mim, por ser mulher. No ano que vem, pretendo continuar no kart, quem sabe optar pelos carros de fórmula. Mas quero continuar firme até chegar na Copa Truck”, disse ela.