Esportes

A severa punição aplicada pela bola

26 fev 2018 às 12:17

Muricy Ramalho não é e nunca foi um ‘filósofo do futebol’. Mas é sempre bom dar ouvidos a quem teve o privilégio de conquistar quatro vezes o Campeonato Brasileiro e uma vez a Libertadores da América. Sem contar os inúmeros outros títulos. Uma frase marcante na trajetória de Muricy como treinador foi: “a bola pune!” Esta seria uma perfeita edição revisada do ditado futebolístico que diz: “Quem não faz, toma!”

Quem assistiu o jogo entre Cascavel Clube Recreativo (CCR) e Iraty, no último domingo (25), no Estádio Olímpico, teve essa sensação. E a célebre frase de Muricy Ramalho deve ter vindo na mente: a bola, de fato, pune. E pune com severidade. 

O CCR, sob o comando de Agenor Piccinin, tem plenas condições de subir para a primeira divisão. Até agora, tem mostrado um time bem interessante, com padrão de jogo, e conta com atletas experientes, que teriam condições, inclusive, de aparecer em várias equipes que disputam a atual primeira divisão estadual. O CCR foi imensamente superior ao Iraty no decorrer da partida. Tinha o fator casa como vantagem. Enfrentava um adversário desesperado, que ainda não venceu na competição, e vinha de uma boa sequência de dois resultados positivos. Mesmo assim, só empatou em 1 a 1 com o Azulão. Pontuou, é verdade. Porém, pontuou pouco… E todos os pontinhos desperdiçados no 'ninho' podem fazer falta lá na frente. 

O time fez três jogos em casa e atuou uma vez como visitante na competição. O detalhe é que dos nove pontos disputados no Estádio Olímpico até o momento, o time somou apenas quatro, um aproveitamento de 44%. Quando digo que os pontos farão falta, não me refiro a ficar fora da segunda fase. O CCR está em quarto lugar com sete pontos e vai se classificar. No entanto, o caminho do acesso para disputar a primeira divisão em 2019 obriga o time a fazer alguns desvios. Um deles é evitar o grupo do Operário de Ponta Grossa na segunda fase. O Fantasma é o melhor time do torneio, tem 100% de aproveitamento e lidera a segundona com doze pontos. A cada rodada, o Operário amplia o favoritismo para ocupar uma das vagas e seria burrice ignorar este favoritismo. Da mesma forma que seria suicida ter o Fantasma como adversário na segunda fase. Até porque, apenas o primeiro colocado de cada grupo na sequência da segundona terá o bônus do acesso. O detalhe é que se a segunda fase terminasse hoje, o CCR teria o Fantasma como adversário. Um dos grupos será formado pelo primeiro, pelo quarto, pelo quinto e pelo oitavo colocados. Já a outra chave terá o segundo, o terceiro, o sexto e o sétimo. Claro que ainda faltam cinco rodadas para o fim da primeira fase. Mas é preciso, desde já, buscar este desvio. No próximo domingo (04), a Serpente Tricolor joga fora de casa e encara o lanterna Andraus Brasil, em Campo Largo. O CCR não pode desperdiçar esta chance de somar pontos na tabela. 

O jogo

O CCR foi superior ao Iraty. Na contagem de Agenor Piccinin, foram vinte chances de gol na partida. Mas o terceiro melhor ataque da segundona só consegui marcar aos 16 minutos do segundo tempo com Josemar, depois da bela jogada de Rone pela esquerda. O time até havia balançado as redes no início do jogo com Celinho, mas o camisa 10 fez falta no goleiro. Antes do gol, o time teve uma bola na trave na cabeçada de Diego. Gilberto ainda teve uma bela cobrança de falta, que o goleiro defendeu e a bola, caprichosa, tocou na trave. Mas de todos estes lances, alguns chamaram a atenção. O preciosismo dos atletas do CCR em determinados momentos prejudicou a construção de um placar mais elástico. Aos 41 minutos do segundo tempo, Marlon recebeu um passe açucarado de Elivelton com plenas condições de fazer o segundo, mas quem brilhou foi o goleiro Marcos. Por fim, já nos acréscimos, veio a ‘punição da bola’. O baixinho Wilson, sozinho, empatou de cabeça.