Esportes

As imagens que ficam na história dos Jogos Escolares

01 mai 2019 às 21:37

Há dois anos, fiz algumas fotos emblemáticas que se tornaram as imagens dos Jogos Escolares do Paraná (Jep’s). Na ocasião, as minhas lentes flagraram o professor Dorival Sesso, conhecido – e querido por muitos alunos – como Juca, num ato que representa bem o significado dos Jep’s.

Há dois anos, ele amparou uma estudante na quadra do ginásio Sérgio Mauro Festugatto. A aluna estava de joelhos, em lágrimas, após uma derrota de sua equipe num jogo de voleibol. Juca tomou a aluna pelas mãos e a levantou. O gesto foi mais forte que qualquer palavra e serviu de lição. Mostrou a essência do esporte. Mesmo depois de uma derrota, ele oferece uma nova oportunidade, uma chance de se redimir no dia seguinte, no ano seguinte, no caso dos Jogos Escolares. Depois que publiquei a foto emblemática, o Núcleo Regional de Educação (NRE), que organiza as fases municipal e regional, me pediu para usar a imagem como uma espécie de slogan do trabalho realizado nos Jep’s.

Na edição de 2019, a sequência de imagens do Juca amparando a sua atleta voltou a circular nas redes sociais. Voltou para mostrar que os Jogos Escolares são como aquela estudante, que chorou mas se levantou.

Alunos e abnegados professores se uniram, mais uma vez, para mostrar a importância do evento esportivo que se encerra nesta quinta (02). E ele transcorreu com a maior naturalidade. Um pouco dessa vitória é mérito de Luciana Paulista da Silva. Nos últimos anos, presenciei inúmeras vezes a professora vibrando ao lado de quadra com o sucesso dos seus atletas, alunos do Colégio Marilis Pirotelli. As equipes de Luciana sempre estavam nas ‘cabeças’ dos Jep’s, sobretudo no futsal, que contava com qualificados jogadores. Esse ano, o papel de Luciana foi diferente. Ela assumiu a chefia do NRE e o posto hoje ocupado por ela tem a ver com o esporte. Diferente de gestões anteriores, em que este posto era um cargo político, desta vez para ocupar a chefia do Núcleo houve uma ‘competição’. Luciana teve que desbancar os concorrentes, a exemplo do que os estudantes fazem nas quadras e nas pistas de atletismo. Não desonrou ninguém para isso. Não passou por cima de ninguém. Conseguiu a vitória pelos próprios méritos.

Numa conversa com a chefe do NRE, ela me confidenciou que foi atleta no passado. E garantir o sucesso de mais uma edição dos Jep’s era uma questão de honra para Luciana. “Eu sou professora de Educação Física e fui atleta durante 21 anos. E eu devo tudo ao esporte, à educação e à educação pública. Dentro do esporte é muita disciplina, é muita dedicação, muita determinação e é aprender a conviver em equipe. Sem contar na promoção da saúde. O aluno que está envolvido na prática esportiva não está nas ruas, não está exposto às drogas e outras coisas que não prestam que são oferecidas a ele. Nosso papel é mostrar para o aluno que ele precisa ter amor pela escola, pela cidade e pela modalidade que ele escolhe”, disse ela.

Confesso que tentei saber se o coração de Luciana ainda bate mais forte para o lado do Marilis. Ela mostrou a imparcialidade que o cargo lhe exige hoje. Confidenciou que o coração bate em defesa dos Jep’s. Bate em defesa do aluno. Bate em defesa da educação. “Eu defendo o aluno para que ele tenha essa experiência de estar dentro de uma quadra, dentro de uma pista de atletismo, diante de uma mesa de xadrez... Só quem foi atleta sabe a sensação de ver as pessoas nestes espaços. O tempo de competição é bem curto, mas para chegar ao resultado esperado são meses, são anos de dedicação. E o retorno para os alunos é eles chegarem com uma medalha no final”, concluiu.